Os Estados Unidos dobraram o investimento financeiro, para quase US$ 1 bilhão, para apoiar uma possível vacina contra a covid-19 desenvolvida pela empresa americana Moderna, que entra, hoje, na última fase do ensaio clínico. O governo dos EUA comprometeu até US$ 472 milhões adicionais, além dos US$ 483 milhões anunciados anteriormente, informou o laboratório, ontem, em comunicado.
Essa extensão do financiamento é justificada, de acordo com a empresa de biotecnologia, na medida em que decidiu “conduzir um ensaio clínico de Fase 3 consideravelmente maior” do que o planejado originalmente.
A vacina experimental, que desencadeou anticorpos para o coronavírus nos 45 participantes da primeira fase do teste, será experimentada a partir de hoje, com 30 mil pessoas. Metade dos voluntários receberá uma dose de 100 microgramas. Os outros, um placebo. Se tudo correr bem e a eficácia da vacina for confirmada, a Moderna espera ser capaz de produzir 500 milhões de doses por ano.
Os Estados Unidos, país mais atingido do mundo pelo coronavírus, com mais de 146 mil mortes e 4,2 milhões de casos, anunciaram, nos últimos meses, investimentos maciços para imunizar os norte-americanos a partir do início do próximo ano.
A Moderna afirmou que estuda ampliar a capacidade de produção para até um bilhão de doses anualmente a partir de 2021. “Encorajados pelos dados das fases anteriores, acreditamos que nossa vacina com mRNA pode ajudar na pandemia da covid-19 e também a prevenir surtos futuros”, comentou Stéphane Bancel, CEO da empresa.
O estado americano da Flórida tornou-se, ontem, o maior em registros totais de casos de covid-19, com 423,8 mil infecções, um acréscimo de 9,3 mil ante o total do dia anterior. Em segundo lugar está a Califórnia, que acumula 448,5 mil pessoas contaminadas. Nova York vem na sequência, com 415,8 mil. Globalmente, os EUA continuam como o país com mais casos de covid-19, seguido do Brasil e da Índia.
Eleições
A corrida em busca pela vacina tem interesses que superam a proteção da saúde pública nos EUA. Os recordes de mortes e casos registrados de covid-19 podem influenciar o resultado das próximas eleições. Com menos de 100 dias para o pleito presidencial nos Estados Unidos, eleitores em três estados que foram essenciais para a vitória de Donald Trump, em 2016, demonstram, hoje, apoiar o ex-vice-presidente democrata Joe Biden, segundo pesquisa de opinião da CNN conduzida pela empresa de auditoria SSRS no Arizona, na Flórida e em Michigan.
Na Flórida, Biden vence a disputa com 51% dos votos de eleitores registrados contra 46% a favor de Trump. No Arizona, essa diferença diminui para 49% a 45%, enquanto, em Michigan, Biden lidera a corrida pela presidência com apoio de 52% dos eleitores, contra 40% que votariam em Trump.
No último caso, o resultado é semelhante à média da pesquisa nacional, segundo o levantamento mais recente feito pelo CNN. Em 2016, Trump venceu nos três estados, com o placar mais apertado vindo de Michigan, com apenas 10.704 votos de vantagem.