A China deu início ao seu voo solo rumo a Marte. Ontem, a primeira sonda independente do país asiático foi lançada ao espaço por um foguete Longa Marcha 5, que decolou da base de Wenchang, na ilha chinesa de Hainan. Segundo o governo chinês, a operação foi bem-sucedida, e a expectativa é de que a sonda chegue ao Planeta Vermelho em fevereiro de 2021, depois de percorrer, ao menos, 55 milhões de quilômetros — ou seja, 1.400 vezes a volta ao mundo.
A missão Tianwen-1 (Perguntas ao céu-1, em tradução livre) leva uma sonda composta por três elementos: um orbitador de observação, que girará em torno de Marte, um módulo de aterrissagem e um robô por controle remoto, encarregado de analisar o solo marciano. Dessa forma, Tianwen-1 poderá ser o primeiro projeto a orbitar, pousar e explorar a superfície do planeta ao mesmo tempo. “Tianwen-1 vai orbitar, pousar e largar um veículo de exploração na primeira tentativa (…) Nenhuma missão planetária tentou algo assim. Se for bem-sucedido, significará uma conquista histórica”, enfatizam os oficiais científicos da missão, em artigo publicado na Nature Astronomy.
Porta-voz do projeto, Liu Tongjie admite que “os riscos e as dificuldades são consideráveis”, principalmente quanto ao pouso perigoso em solo marciano. A primeira tentativa chinesa de conquistar Marte ocorreu em 2011, quando a sonda Yingho-1 estava acoplada a uma nave russa, que acabou sofrendo um colapso. “Se (a nova sonda) aterrissar de forma segura na superfície marciana e devolver a primeira imagem, Tianwen-1 já será um sucesso (…) O fato de a China se juntar à conquista de Marte mudará a situação atual, dominada pelos Estados Unidos há meio século”, avalia Chen Lan, analista do site Gotaikonauts.com, especializado no programa espacial chinês.
Estação espacial
A missão em Marte é a nova etapa de um grande programa na área — o país também prevê a construção de uma estação espacial em 2022. Em 2003, a China enviou seu primeiro homem ao espaço. Dez anos depois, fez pequenos robôs pousarem na Lua, façanha repetida em 2019. E, no mês passado, finalizou a constelação de satélites do sistema de navegação Beidu, rival do GPS americano.
O gigante asiático não é o único que quer enviar uma sonda ao Planeta Vermelho. Os Emirados Árabes Unidos lançaram sua “Esperança” na segunda-feira, e os Estados Unidos enviarão “Marte 2020” no próximo dia 30 de julho. A proximidade das datas explica-se por uma condição astronômica favorável. Até o início de agosto, Marte e Terra estarão alinhados, o que abre uma janela de lançamento única.