Mundo

Reino Unido publica relatório sobre supostas interferências russas

O relatório de 50 páginas aborda suspeitas de interferência na campanha do referendo de 2016 sobre a saída do país da União Europeia

O Reino Unido publica, nesta terça-feira (21/7), um relatório altamente antecipado sobre possíveis interferências russas na política interna, especialmente na campanha do referendo de 2016 que levou ao Brexit, em um contexto de relações tensas entre Londres e Moscou.

O relatório, de 50 páginas, foi redigido pela Comissão Parlamentar de Inteligência e Segurança (ISC) e aborda suspeitas de interferência na campanha do referendo de 2016 sobre a saída do país da União Europeia, vencido pelo Brexit com 52% dos votos.

Sua publicação coincide com a visita a Londres do secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo.

Na quinta-feira passada, o Reino Unido apontou que "atores russos" poderiam ter interferido na campanha das eleições legislativas de dezembro de 2019, depois do vazamento na internet de documentos relacionados às negociações entre Londres e Washington sobre um futuro acordo comercial pós-Brexit.

Londres também acusou os serviços de inteligência russos de estarem atrás de uma série de ataques cibernéticos com o objetivo de roubar dados de uma pesquisa sobre uma possível vacina contra o novo coronavírus. 

De acordo com a agência governamental britânica responsável pela segurança cibernética, um grupo de 'hackers' russos atacou organizações britânicas, canadenses e americanas para roubar suas investigações sobre uma vacina contra o vírus SARS-CoV2.

O Kremlin rejeitou essa denúncia, dizendo que eram "alegações sem fundamento".

A comissão de investigação e segurança iniciou sua investigação em novembro de 2017 e entregou seu relatório ao primeiro-ministro em outubro passado.

No início de novembro, o governo foi criticado por não querer publicá-lo antes das eleições de 12 de dezembro, que os conservadores venceram confortavelmente sob a liderança do primeiro-ministro Boris Johnson.

Naquela época, o Executivo garantiu que optara por não divulgar o relatório por razões de segurança nacional.

A investigação da ISC procurou responder às preocupações levantadas pela suposta interferência nas eleições de 2016 nos Estados Unidos e o impacto das campanhas de desinformação da Rússia.

A então primeira-ministra britânica Theresa May acusou a Rússia de espalhar "histórias falsas" para "semear discórdia no Ocidente e minar nossas instituições".

As relações entre Londres e Moscou esfriaram desde o envenenamento, em solo britânico, do ex-agente russo Serguei Skripal, na cidade de Salisbury (sudoeste), em março de 2018.

A Rússia negou qualquer envolvimento, mas o caso levou a uma onda de expulsão de diplomatas entre Londres e seus aliados e Moscou.