Correio Braziliense
postado em 14/07/2020 16:30
Após o debate sobre a hidroxicloroquina associada ao tratamento contra covid-19 ganhar novo holofote com a defesa do presidente Jair Bolsonaro ao uso do medicamento, a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) voltou a frisar que a Organização Mundial de Saúde (OMS) não recomenda a droga para pacientes com a doença.
O comentário foi feito pelo gerente de incidentes para covid da Opas, Sylvain Aldighieri, que, durante coletiva de imprensa desta terça-feira (14/7), destacou que a OMS, inclusive, suspendeu o tratamento à base de hidroxicloroquina por “não observar os benefícios do medicamento” e que, por isso, a organização “não recomenda o uso da hidroxicloroquina em pacientes da covid-19”, disse.
Na semana passada, o presidente Bolsonaro, defensor do medicamento, chegou a fazer uma live no qual ingere um comprimido e afirma: “Deixo bem claro para vocês, é um testemunho meu: eu tomei e deu muito certo, estou muito bem”, disse, em 9 de julho. Na ocasião, ele contou, ainda, que já havia tomado uma primeira dose antes de ter o diagnóstico para covid-19 comprovado por meio de testes.
No entanto, de acordo com o próprio protocolo do Ministério da Saúde e das recomendações do Conselho Federal de Medicina (CFM), somente pacientes com confirmação para a doença podem ter a indicação do remédio autorizada por meio de prescrição médica.
“Não existe até agora tratamento comprovado e validado para a covid-19”, ressaltou Aldighieri, detalhando, ainda, que o uso dos remédios fora da bula precisam ser feitos dentro de ensaios clínicos. Destacou também que a publicação dos resultados é importante para comprovar eficácias e conseguir estabelecer tratamentos consolidados contra o novo coronavírus.
Para o Diretor assistente da Opas, Jarbas Barbosa, o essencial, neste momento, é que haja uma coordenação entre as instâncias do governo que siga “as recomendações baseadas em evidências científicas”, tais como as medidas preventivas de distanciamento social, etiqueta de higiene, rastreamento da transmissão e dos infectados para poder romper a propagação do vírus. “Estamos enfrentando o maior desafio de saúde em um século”, alertou Barbosa.
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