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ONU: Iêmen à beira da penúria


 
Debilitado por uma guerra iniciada há cinco anos, e sem fim à vista, o Iêmen teve a situação agravada pela pandemia da covid-19 e está perto de uma catástrofe de proporções gigantescas. O alerta foi dado, ontem, pela coordenadora humanitária das Nações Unidas para o país, Lise Grande, destacando que a organização não dispõe dos meios necessários para evitar que a previsão se confirme.

O cenário é alarmante. Atualmente, mais de dois terços da população (em torno de 24 milhões) dependem da ajuda humanitária. Em meio à crise provocada pelo novo coronavírus, as Nações Unidas conseguiram arrecadar apenas metade dos US$ 2,41 bilhões em ajuda, durante a conferência virtual de doadores realizada em junho. E, segundo Lise Grande, apenas nove dos 31 doadores comprometidos repassaram os recursos até o momento.

Diante disso, a representante da ONU destacou, em entrevista à agência de notícias France Presse (AFP), que milhões de famílias vulneráveis poderão passar “de uma situação, na qual ainda conseguem subsistir, para uma queda livre”. “É muito claro que a pandemia da covid comprimiu os orçamentos de ajuda (humanitária) em todo mundo”, avaliou a diplomata americana.

O Iêmen está mergulhado no que a ONU considera a pior crise humanitária do mundo, com milhares de mortos e 4 milhões de pessoas deslocadas pela guerra. A população enfrenta ameaças frequentes de fome extrema e de epidemias, como dengue e cólera.

Lise Grande assinalou que, por falta de meios, os programas essenciais nos setores sanitário e de alimentação estão se esgotando, enquanto a situação econômica se apresenta como “aterradora” nos dias mais duros da crise. Oficialmente, há no Iêmen 1,3 mil infectados pelo novo coronavírus, com 359 mortos pela doença. Para os especialistas, porém, o número é maior.

O conflito no país árabe é travado entre as forças do governo, apoiadas por uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita, e os rebeldes huthis xiitas, que contam com o suporte do Irã.