Uma nova cepa do vírus da gripe com potencial para causar uma nova pandemia foi identificada em porcos da China. Segundo os responsáveis pela descoberta, o micro-organismo, identificado em amostras colhidas entre 2011 e 2018, tem “traços essenciais” para também infectar seres humanos. Nesse caso, se sofrer mutações, ele pode começar a se espalhar de forma descontrolada, como ocorre agora com o Sar-CoV-2, responsável pela covid-19.
A nova cepa, chamada G4 EA H1N1, é semelhante à da gripe suína de 2009, mas sofreu alterações genéticas. A equipe teme que esse micro-organismo se multiplique em células de vias aéreas humanas e comece a se diferenciar ainda mais, o que dificultaria o uso de vacinas existentes contra a gripe suína.
O micro-organismo foi detectado em mais de 30 mil amostras de secreções nasais de porcos de abatedouros de 10 províncias chinesas. Ao analisar amostras de mais de 300 trabalhadores desses locais, os cientistas identificaram que 10,4% continham anticorpos contra G4 EA H1N1.
Para a equipe, o resultado sinaliza que vírus sofreu um aumento significativo de infecciosidade e que essa característica “aumenta muito a oportunidade de adaptação do vírus em humanos e suscita preocupações quanto à possível geração de vírus pandêmicos”. A pesquisa foi divulgada na edição de ontem da publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas).
OMS
Também ontem, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que, na próxima semana, enviará uma equipe à China para determinar a origem do novo coronavírus. O diretor-geral da agência, Tedros Adhanom Ghebreyesus, não deu detalhes sobre quais profissionais farão parte do grupo e sobre como funcionará a missão. “Poderemos combater melhor o vírus quando soubermos tudo sobre ele, incluindo como ele começou”, justificou.
A agência das Nações Unidas pressiona o governo chinês, desde o início de maio, para convidar seus especialistas para investigar a origem animal do Sars-CoV-2. Os primeiros casos de infecção foram registrados, em dezembro passado, em Wuhan, na região central da China. Cientistas acreditam que o coronavírus passou de um animal para o homem e que o contágio se deu, possivelmente, no mercado da cidade, onde são vendidos animais selvagens para o consumo humano.
» Testes no Exército
O governo chinês dará início ao uso de uma vacina experimental contra a covid-19 em integrantes do Exército. A fórmula é desenvolvida pela Academia Militar de Ciências Médicas e a empresa chinesa CanSinoBIO. “Os dados dos testes clínicos demonstraram um bom perfil de segurança e níveis elevados de resposta imune humoral e celular”, afirmou a empresa, em comunicado enviado à Bolsa de Hong Kong, onde tem cotação. Segundo a OMS, quase metade das 17 vacinas atualmente em processo de testes em humanos está sendo desenvolvida por institutos chineses.