O ex-primeiro-ministro François Fillon foi condenado nesta segunda-feira (29) a cinco anos de prisão, dois em regime fechado, por um caso de empregos fictícios que abalou a campanha presidencial do candidato de direita em 2017.
Além da sentença, Fillon foi condenado a pagar uma multa de 375 mil euros (US$ 423 mil) e perdeu o direito de exercer cargos públicos por 10 anos.
Sua esposa, Penelope, que também foi declarada culpada pelo tribunal correcional de Paris, foi condenada a três anos de liberdade condicional, uma multa de 375 mil euros e dois anos de inabilitação para cargos públicos.
O casal e o terceiro acusado, Marc Joulaud, que foi suplente de Fillon como deputado por Sarthe (oeste), também terão que reembolsar mais de um milhão de euros à Assembleia Nacional, a Câmara dos Deputados da França.
O advogado do casal anunciou que vai recorrer da sentença. "Vamos apelar contra esta decisão injusta (...) vai acontecer um novo julgamento", disse Antonin Lévy.
A sentença foi pronunciada apesar dos pedidos da defesa por um reinício do julgamento, alegando supostas pressões sobre o Ministério Público no decorrer da investigação, que aconteceu durante a campanha presidencial de 2017.
Fillon, que era o grande favorito da direita para as eleições presidenciais há três anos, foi derrotado no primeiro turno, depois que a revista Canard Enchaîné revelou o caso.
Entre 1998 e 2013, Penelope Fillon, de 64 anos, recebeu o total de 613.000 euros pelo cargo de assistente parlamentar de seu marido, quando ele era deputado, e posteriormente de seu suplente, cargo que segundo a acusação nunca exerceu.
Uma parte das alegações de desvio de fundos públicos, que remonta a 1981, prescreveram. Mas, segundo os investigadores, entre 1998 e 2013 o casal desviou mais de um milhão de euros.
O ex-primeiro-ministro, 66 anos, se afastou da política e atualmente trabalha no setor de finanças.
A acusação denunciou nas alegações o "profundo sentimento de impunidade" de Fillon, assim como o "cinismo" de "um homem que fez da probidade uma marca registrada".
Para o promotor Aurélien Létocart, o trabalho da esposa de Fillon era tão "impalpável (e) anônimo" que ela nem tirava as licenças maternidade ou férias, nem foi encontrado "nenhuma indício" nos arquivos que deveria preparar para o marido e para os quais "é incapaz" de oferecer exemplos precisos.
Para o MP, as manobras de "captação" de dinheiro público do orçamento dedicado aos colaboradores "foram utilizadas desde o início da carreira política de François Fillon" em 1981.
Fillon, que denuncia um "complô" da esquerda para eliminá-lo da disputa presidencial, afirma que sua esposa, "sua primeira e mais importante colaboradora" durante toda a carreira política, exerceu o emprego em questão.