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Brasil tem novo vírus da zika

Brasil tem novo vírus da zika

Diante da pandemia da covid-19, os cuidados com outras enfermidades também graves têm sido deixados de lado, alertam especialistas em saúde pública. Uma delas é a zika, que causou grande impacto na população brasileira recentemente.  Cientistas do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgaram um estudo que sinaliza que o vírus causador da zika não está parado enquanto o Sars-CoV-2 se espalha pelo mundo. Há uma nova linhagem dele circulando no Brasil desde o ano passado. Os dados foram divulgados na revista especializada International Journal of Infectious Diseases.
O trabalho foi feito no Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs), da Fiocruz Bahia. Os pesquisadores utilizaram uma plataforma de sequenciamento genético que analisa as linhagens do vírus disponíveis, tendo como base informações do Centro Nacional de Informação Biotecnológica (NCBI, em inglês).
 
A ferramenta analisou 248 sequências brasileiras submetidas ao banco de dados desde 2015. “Selecionamos as sequências do Brasil e mostramos a frequência desses tipos virais ano a ano”, explica, em comunicado, Artur Queiroz, pesquisador da Plataforma de Bioinformática do Cidacs e um dos líderes do estudo, que também contou com a participação de cientistas da Universidade Salvador (Unifacs) e da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP).
A equipe conseguiu identificar um padrão de cepa do zika vírus que ainda não havia sido detectado no Brasil. “A principal descoberta é que vemos uma variação de subtipos e linhagens durante os anos, sendo que, em 2019, há o aparecimento, mesmo que pequeno, de uma linhagem que, até então, não era descrita circulando no país”, diz.

Epidemia

De acordo com o artigo, a linhagem africana foi isolada em duas regiões do Brasil: na Sul, vindo do Rio Grande do Sul, e na Sudeste, do Rio de Janeiro. A distância geográfica e a diferença de hospedeiros (uma foi encontrada em um mosquito “primo” do Aedes aegypti, o Aedes albopictus, e outra, em uma espécie de macaco) sugerem que essa linhagem já está circulando no país há algum tempo e pode ter potencial epidêmico, já que a maior parte da população brasileira não tem anticorpos para ela.
 
Para Queiroz, o resultado demonstra a utilidade da ferramenta como “um bom mecanismo de vigilância e alerta para a possibilidade de uma nova epidemia do vírus zika”. Larissa Catharina Costa, também autora do estudo e pesquisadora da Fiocruz, concorda e reforça a importância da não interrupção de estudos sobre outras enfermidades que ameaçam a saúde da população. “Com as atenções voltadas para a covid-19, esse estudo serve de alerta para não esquecermos outras doenças, em especial a zika (…) Os estudos genéticos deve continuar sendo realizados a fim de evitar um novo surto da doença com o novo genótipo circulante.”