A pandemia do novo coronavírus, que provocou mais de 477 mil mortes no mundo, um balanço que dobrou em menos de dois meses, registra um agravamento nos Estados Unidos e avança sem trégua na América Latina, com mais de 100. mil mortes, metade delas no Brasil.
As duas próximas semanas serão cruciais para responder aos focos preocupantes do coronavírus em quase 20 estados americanos, advertiu Anthony Fauci, imunologista chefe da Casa Branca, depois que 32.000 novos casos foram registrados na terça-feira no país mais afetado do planeta pela pandemia, com 121.225 mortos e 2,4 milhões de infectados.
Apesar do cenário preocupante nos Estados Unidos e da detecção de novos focos em países como China, Índia, Irã ou alguns países europeus, como a Alemanha, a América Latina e o Caribe continuam sendo, com 100.399 vítimas fatais e quase 2,2 milhões de casos, o epicentro da pandemia neste momento.
No Brasil, com 1.145.906 casos e 52.645 mortes, as populações indígenas são particularmente afetadas, com 7.700 contagiados e quase 350 mortos, o que deixou em alerta os 900.000 indígenas do país, que na semana passada perderam um de seus líderes, Paulinho Paiakã, para a COVID-19.
No Peru, com mais de 260 mil casos e 8.404 vítimas fatais, a polícia paga um preço elevado com 223 agentes mortos e mais de 15.600 infectados, enquanto a população exige o retorno ao trabalho, em uma economia que teve contração de 13% nos primeiros quatro meses do ano.
No México, o medo da pandemia se uniu na terça-feira ao terremoto de 7,5 graus que deixou seis mortos e provocou danos leves. O país registrou em 24 horas um novo recorde de 6.300 casos, para um balanço total de 191.410 infectados e 23.377 vítimas fatais.
Já a Colômbia observou um aumento exponencial quando começou a flexibilizar as restrições para reativar a economia, o que levou o governo a prolongar o estado de alerta.
Com quase 45 mil infectados - a maioria em Buenos Aires - e 1.049 mortos, na Argentina a pandemia piorou ainda mais a recessão que o país enfrenta desde 2018, com uma contração de 5,4% do PIB no primeiro trimestre.
Honduras e Bolívia estão com os hospitais à beira do colapso.
Diante da crise sem precedentes da região, o governo da Espanha convocou uma reunião por videoconferência nesta quarta-feira com os presidentes de nove países latino-americanos e executivos do FMI, do Banco Mundial e do BID para para articular um mecanismo que ajude a combater os efeitos da pandemia.
Reconfinamento
A pandemia matou 477.570 pessoas no mundo e deixou 9,3 milhões de infectados, de acordo com um balanço da AFP com base em fontes oficiais. Em menos de dois meses, o número de vítimas fatais dobrou em todo planeta.
Na Europa, que permanece como a região mais afetada com 194.000 mortos, a Alemanha voltou a determinar o confinamento na terça-feira de mais de 600.000 residentes das regiões de Gütersloh e Warendorf, após a descoberta de um foco da doença no maior matadouro do continente, onde mais de 1.550 pessoas contraíram o vírus.
A Itália também teme uma segunda onda de infecções. As autoridades da saúde estão preocupadas com o relaxamento da população, que se comporta como se o vírus não existisse mais, apesar das 34.657 mortes registradas no país.
Na China, país onde a covid-19 foi detectada pela primeira vez em dezembro, o foco de novos contágios registrado em Pequim no início do mês, que provocou 256 infecções, está "sob controle", de acordo com as autoridades.
A economia
Enquanto alguns países ainda debatem o que é pior, se a crise econômica ou o coronavírus, o Fundo Monetário Internacional (FMI) deve atualizar nas próximas horas as perspectivas de crescimento mundial.
Nos últimos três meses, as notícias ruins se acumulam: a mais recente foi anunciada pelo grupo suíço Swissport, que anunciou o corte de mais de 4.000 postos de trabalho apenas no Reino Unido, quase metade de seus funcionários no país.
A Organização Mundial do Comércio (OMC) destacou, no entanto, que apesar da queda de dimensão histórica do comércio mundial nos últimos meses, a situação é menos grave do que o temido graças às medidas adotadas pelos governos.
O setor de turismo, particularmente atingido, está multiplicando iniciativas para sair da crise, como as ilhas Fiji, que esperam criar uma espécie de "bolha" com a Austrália e a Nova Zelândia, para que turistas desses dois países aproveitem seus encantos.