Estados Unidos e Rússia retomaram nesta segunda-feira (22/6), em Viena, as negociações sobre o controle de armas nucleares, um diálogo ameaçado desde o início pela insistência de Washington de incluir a China - uma ideia rejeitada por Pequim.
As delegações chegaram no início da manhã ao Palácio Niederösterreich, no centro da capital austríaca, sede das negociações que podem durar vários dias.
O embaixador Marshall Billingslea, representante da presidência americana para questões de desarmamento, e o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Riabkov, conversarão sobre o tratado bilateral New START, concluído em 2010 e que expira em 5 de fevereiro de 2021, pouco depois do fim do atual mandato de Donald Trump.
O New START, ou START III (Tratado de Redução de Armas Estratégicas), que é parte do projeto de desarmamento progressivo previsto pelo Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP, na sigla em inglês) de 1968, limita o número de lançadores de mísseis nucleares estratégicos para 700, e o número de ogivas nucleares, para 1.550.
A Rússia pediu a abertura de negociações no fim de 2019, mas, até agora, a administração Trump apresentava como condição a inclusão da China nestas tratativas.
"Nosso maior problema é a falta de transparência da China", afirmou na sexta-feira o representante dos Estados Unidos na Conferência de Desarmamento de Genebra, Robert Wood, em entrevista ao canal CBS.
"O arsenal chinês vai dobrar nos próximos dez anos. Com certeza isto nos preocupa muito", completou.
No sábado (20), Riabkov disse à agência de notícias Interfax que "prolongar o New START seria correto e lógico, mas o mundo não gira apenas ao redor deste tratado".
Rússia e Estados Unidos ainda possuem mais de 90% das armas nucleares do mundo, segundo o relatório mais recente do Instituto Internacional de Pesquisas da Paz de Estocolmo (SIPRI).
Washington tem quase 5.800 ogivas nucleares, e Moscou, 6.375, enquanto a China dispõe de 320, a França, de 290, e o Reino Unido, de 215, segundo o instituto sueco.
A China, que considera seu arsenal muito pequeno, nega-se a participar de negociações a três, mas se mostrou aberta a discussões multilaterais.
"Os Estados Unidos deveriam reduzir drasticamente seu estoque, o que criaria as condições para que outras potências nucleares se unam às conversas multilaterais", tuitou recentemente o Ministério das Relações Exteriores da China.
O analista chinês para questões de defesa Song Zhongping acredita que o nível ideal para Pequim seria 2.000 ogivas nucleares.
"A China nunca participará de negociações de desarmamento entre Estados Unidos e Rússia", disse ele à AFP.