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Do atentado à formatura

Malala, a jovem que quase morreu após ser alvo do Talibã, gradua-se em Oxford. Paquistanesa promete ocupar o tempo com Netflix, livros e sono

 

 

 

A jovem paquistanesa atingida com um disparo na cabeça por um talibã, a caminho da escola, superou a morte aos 15 anos, ganhou o Prêmio Nobel da Paz e atingiu um marco em sua própria luta pela educação. Com o corpo coberto de bolo e um sorriso, Malala Yousafzai, 22 anos, cumpriu com uma tradição na Universidade de Oxford, no Reino Unido, para comemorar a graduação. “É difícil expressar minha alegria e minha gratidão, agora que concluí meu curso de filosofia, política e economia, em Oxford. Eu não sei o que virá a seguir. Por agora, serão Netflix, leitura e sono”, brincou Malala, ao postar a foto descontraída em seu perfil no Twitter. Em outra imagem publicada pela ativista, ela aparece com os pais e os irmãos diante de um bolo onde lê-se “Feliz graduação, Malala”.

 

O pai de Malala, Ziauddin Yousafzai, retuitou a mensagem da filha, que até ontem tinha recebido mais de 550 mil curtidas e 12 mil comentários. Malala foi admitida na prestigiada Universidade de Oxford em 2017 depois de ter estudado em um instituto de Birmingham. Em 2012, depois do atentado no Paquistão, encontrou refúgio nesta cidade no centro da Inglaterra.

 

Malala começou sua luta em 2007, quando os talibãs impuseram sua lei no Vale do Swat, até então uma região turística tranquila do Paquistão. Aos 11 anos, essa filha de um diretor de escola e de mãe analfabeta criou um blog no site da BBC em urdu, o idioma nacional.

 

Com o pseudônimo de Gul Makai, ela descrevia o clima de medo no vale. Quando ficou conhecida, o Talibã decidiu eliminá-la, acusando-a de ser um veículo para a “propaganda ocidental”. Aos 15 anos, levou um tiro na cabeça e outro nas costas em um ataque ao ônibus escolar que a levava de sua escola em Mingora, no Vale do Swat. Desde então, tornou-se um ícone da defesa dos direitos das mulheres à educação e recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 2014.

 

Discurso

 

Na ocasião, ao receber a medalha com a imagem de Alfred Nobel e o diploma de uma das distinções mais importantes do planeta, Malala agradeceu por deixarem-na “voar” e selou um compromisso com a educação. “Vou prosseguir com esta luta até que todas as crianças possam frequentar a escola”, prometeu. “Por que dar armas é tão fácil, mas dar livros é tão difícil? Por que construir tanques é tão fácil, mas construir edifícios é tão difícil?”, acrescentou.

 

Ao esbanjar simplicidade, Malala também aproveitou a ocasião da entrega do Nobel para honrar os pais. “Obrigada a meu pai por não cortar minhas asas, e por me deixar voar. Obrigada a minha mãe, por me inspirar, por ser paciente e por sempre dizer a verdade, o que acredito fortemente ser a maior mensagem do islã”, declarou. Em seu perfil no Twitter, Ziauddin citou a filha em seu perfil: “Orgulho em ser professor, pai de Malala e um ativista pela paz, pelo direito das mulheres e pela educação”.