Pesquisadores canadenses mostram que mulheres grávidas e as no pós-parto — condições já ligadas a um risco aumentado de depressão e ansiedade — estão ainda mais vulneráveis a sofrerem essas complicações na atual pandemia da covid-19. Os dados foram divulgados na última edição da revista Frontiers in Global Women’s Health.
A equipe entrevistou 900 mulheres, sendo que 520 eram grávidas e 380 haviam dado à luz no ano passado. Os cientistas perguntaram sobre sintomas de depressão e ansiedade antes e durante a pandemia. Quando não havia a crise sanitária, 29% das mulheres relataram apresentar sintomas de ansiedade moderada a alta e 15%, sintomas depressivos. Durante a pandemia, os números aumentaram para 72% e 41%, respectivamente.
A equipe acredita que a quarentena pode estar ligada ao fenômeno. “As medidas de isolamento social e físico, que são criticamente necessárias para reduzir a propagação do vírus, estão afetando a saúde física e mental de muitos de nós”, destaca, em comunicado, Margie Davenport, pesquisadora da Universidade de Alberta, no Canadá, e uma das autoras do estudo.
Exercícios físicos
Como essas medidas restritivas afetaram as rotinas, incluindo o acesso às academias, os pesquisadores também perguntaram às mulheres sobre possíveis mudanças nas práticas de exercícios físicos. Das entrevistadas, 64% reduziram as atividades após a pandemia, 15% aumentaram e 21% não fizeram alterações.
O exercício é uma maneira conhecida de aliviar os sintomas de depressão, enfatiza Davenport. “De fato, o estudo constatou que mulheres que praticavam pelo menos 150 minutos de atividade física moderada por semana apresentavam sintomas significativamente mais baixos de depressão e ansiedade.”
Os autores do estudo enfatizam que as descobertas são limitadas, já que as participantes relataram sobre sintomas pré-pandêmicos em retrospectiva. Ainda assim, a equipe acredita que os dados servem como alerta para a saúde mental desse grupo durante a crise sanitária. “É fundamental aumentar a conscientização sobre o impacto do isolamento na saúde mental de mulheres grávidas e no pós-parto. O aumento da conscientização torna mais provável o diagnóstico, o tratamento e o objetivo final”, afirma Davenport.
41%
das mulheres entrevistadas (grávidas e no pós-parto) relataram a ocorrência de sintomas depressivos na
atual pandemia