O "perigo" de que haja uma segunda onda da epidemia de covid-19 na Europa vem "muito mais" da América do Sul do que dos novos surtos na China, estimou nesta quinta-feira (18/6) um membro do conselho científico que assessora o governo francês.
"É principalmente lá onde o perigo está atualmente", declarou o virologista Bruno Lina à comissão da Assembleia Nacional que investiga a gestão da crise de coronavírus na França.
Lina também destacou que o que mostra a situação na China é "o risco de que o vírus volte a circular inclusive no verão".
Vários surtos surgiram nos últimos dias em Pequim, provocando o temor de uma nova propagação da doença no país onde o vírus apareceu em dezembro antes de se espalhar por todo o planeta.
Ao mesmo tempo, a epidemia continua se intensificando na América do Sul, especialmente no Brasil, que se tornou o segundo país do mundo mais afetado pelo coronavírus depois dos Estados Unidos.
"O conselho científico considera que, dado o que está acontecendo na América do Sul, deve-se considerar o risco de uma segunda onda vinda do hemisfério sul no final de outubro, novembro ou dezembro", afirmou Jean-François Delfraissy, presidente deste grupo de especialistas que assessora o governo sobre a epidemia.
O conselho científico considera que o cenário de uma "epidemia sob controle" nos próximos meses é o mais provável, mas também recomenda o governo a se preparar para antecipar situações mais desfavoráveis.
Delfraissy reiterou que um novo confinamento generalizado não seria "nem possível nem desejável" porque "a população não o aceitaria" e teria consequências econômicas e sociais muito custosas. Em vez disso, defendeu a necessidade de um "confinamento parcial" recomendado aos idosos e aos mais vulneráveis ao vírus.