"Vamos ter 22.000 empregos a tempo integral a menos no grupo Lufthansa, metade dos quais na Alemanha", disse o grupo na quinta-feira. A companhoa alemã garantiu, porém, que quer evitar, na medida do possível, demissões, graças a medidas de "desemprego parcial" e acordos com sindicatos. A direção revisou suas próprias estimativas: no início de junho, o chefe da Lufthansa, Carsten Spohr, havia estimado em apenas 10.000 o número de funcionários em excesso.
A Lufthansa, que também é proprietária das europeias SWISS, Austrian, Brussel Airlines e Eurowings, possui 135.000 funcionários em todo o mundo. Como na indústria da aviação como um todo, a pandemia de coronavírus teve um sério impacto nos negócios da Lufthansa. No auge da crise, o grupo oferecia apenas 3% do número habitual de assentos em seus voos, propondo o mesmo número de conexões que na década de 1950.
Um total de 700 aviões, dos 763 de propriedade do grupo, foram aterrados no auge da pandemia, enquanto o número de passageiros caiu 98% em abril em um ano. A crise custou à Lufthansa um prejuízo líquido sem precedentes de 2,1 bilhões de euros no primeiro trimestre de 2020. Esses cortes de empregos fazem parte de um plano de reestruturação, anunciado no início de junho pela direção do grupo, e que causa polêmica no país.
Para evitar a falência, a Lufthansa recebeu 9 bilhões de euros em ajuda pública e créditos garantidos pelo Estado alemão, com uma entrada de Berlim no capital do grupo de até 20%. O Estado passou a ser o principal acionista do grupo, mas abriu mão de intervir na administração da empresa. Assim, o governo agora é acusado de corresponsabilidade nos cortes na força de trabalho.
"Nove bilhões de euros para uma empresa que vale 4 bilhões (no mercado financeiro), sem ter voz nas decisões tomadas: quando a Lufthansa anuncia a redução de 22.000 empregos, o governo federal é responsável!", indignou-se no Twitter o líder do partido Die Linke (esquerda radical), Bernd Riexinger.
"Sem uma redução significativa nos custos com pessoal durante a crise, estragaremos a possibilidade de uma melhor retomada e correremos o risco de enfraquecer a Lufthansa", disse Michael Niggemann, chefe de recursos humanos do conselho executivo do grupo.
A pandemia tem diminuído na Europa, que começou a relaxar as medidas restritivas. Desta forma, as companhias aéreas estão lentamente retomando suas atividades. Até setembro, a Lufthansa deseja atender 90% de seus destinos locais habituais e 70 de seus voos de longo curso.