A Organização Mundial da Saúde (OMS) negou, nesta quarta-feira (10/6), que haja relação comprovada entre baixas temperaturas e um aumento na disseminação do novo coronavírus. Segundo a entidade, não há qualquer evidência científica sobre o impacto da covid-19 em diferentes estações. Embora o vírus da Influenza apresente um salto de infecções no inverno, ainda não é possível estabelecer semelhanças entre as duas enfermidades.
"Sabemos que o vírus da Influenza tem um ciclo, mas não sabemos como o novo coronavírus vai se comportar diante da mesma situação. E mesmo no Influenza não há um padrão, pois temos diferenças entre as zonas temperadas e as regiões mais próximas à linha do Equador, no inverno do hemisfério sul. Não temos nenhum dado que sugira que haverá uma transmissão maior ou um comportamento mais agressivo do coronavírus nesse período", esclareceu o diretor do programa de emergências da OMS, Michael Ryan.
Para Ryan, aumentos ou quedas de doenças virais de acordo com as estações estão ligadas ao comportamento humano, e não apenas ao clima. No verão, exemplifica, as pessoas tendem a sair mais de casa e frequentar ambientes abertos, mas também podem ficar mais reclusas, em lugares fechados, principalmente por conta do ar condicionado. Preocupado com a situação da América do Sul, o diretor alertou que a temperatura não trará solução para os problemas.
"Há riscos trazidos pelos dois tipos de clima, mas não estão especificamente associados ao vírus, e sim ao comportamento humano trazido pelas diferentes temperaturas. Independentemente da estação, temos um aumento progressivo de casos na América Latina, principalmente na América do Sul. Precisamos nos concentrar em conter a transmissão, não podemos esperar que a temperatura dê uma resposta ao problema. O que funciona são medidas de distanciamento social", afirmou.
Assintomáticos
Em seu discurso de abertura nesta quarta, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, reafirmou o posicionamento de que pessoas assintomáticas podem, sim, transmitir o novo coronavírus.
"Desde o início de fevereiro, dizemos que pessoas assintomáticas podem transmtir o vírus. Mas precisamos de mais pesquisas para determinar em que medida isso acontece. As pesquisas estão em progresso. O que sabemos é que encontrar, isolar e testar as pessoas suspeitas e, ao mesmo tempo, rastrear os contatos é a forma mais essencial de dar fim à transmissão. Muitos países tiveram êxito fazendo exatamente isso", disse Tedros.
A polêmica sobre o caso começou na segunda-feira (8/6), quando a diretora técnica, Maria Van Kerkhove, classificou como "muito rara" essa possibilidade. Um dia depois, porém, Van Kerkhove e Michael Ryan esclareceram que pacientes da covid-19 sem sintomas são capazes de propagar o vírus, apesar de a proporção não ser conhecida.