Qualquer pessoa que chega ao Reino Unido a partir do exterior tem que respeitar a partir desta segunda-feira (8/6) uma quarentena de 14 dias, uma medida que tem a eficácia questionada e que desagrada os setores aéreo e do turismo.
A quarentena, que será revisada pelo governo britânico a cada três semanas, envolve todas as chegadas por terra, mar e ar, tanto para os viajantes que moram no Reino Unido como para aqueles que não residem no país.
"Introduzimos esta quarentena porque, como o número de infecções diminui (no Reino Unido), a proporção de infecções procedentes do exterior aumenta", explicou o ministro da Saúde, Matt Hancock, ao canal Sky News.
"Espero realmente que as pessoas possam embarcar nos aviões, sair de férias no verão (hemisfério norte), mas temos que começar por adotar uma perspectiva prudente", completou.
O governo aplicará controles aleatórios e quem violar a medida será multado em 1.000 libras (1.266 dólares). Pessoas da área de transportes, profissionais da saúde, trabalhadores rurais e pessoas procedentes da Irlanda estarão isentas.
Entre os passageiros que chegavam nesta segunda-feira ao aeroporto londrino de Heathrow, as opiniões eram divergentes.
"É uma boa ideia, outros países estão fazendo", declarou à AFP Sandy Banks, 45 anos, que retornou da Jamaica com os três filhos. Ela disse que todos permanecerão em casa durante duas semanas.
Um advogado holandês que mora em Londres e retornou de uma viagem de uma semana a Amsterdã chamou a medida de "louca". "Há mais pessoas doentes e morrendo no Reino Unido, a Europa que provavelmente deveria se proteger", disse.
O Reino Unido, um dos países mais afetados pela pandemia, registrou até o momento 40.542 mortes por coronavírus e 287.000 casos de contágio.
"Acredito que teríamos realmente que continuar baixando de forma significativa o nível (de contágios) neste país antes que a quarentena comece a ser uma medida eficaz", declarou recentemente à BBC o professor Robert Dingwall, membro de um subgrupo do comitê científico que aconselha o governo sobre a pandemia.
O líder da oposição trabalhista, Keir Starmer, criticou duramente a medida. "Há semanas outros países adotaram a quarentena e nós, não. Agora, quando todos estão suspendendo, nós a aplicamos", disse, antes de afirmar que preferia a adoção de testes de covid-19 nos aeroportos.
O próprio conselheiro científico do governo, Patrick Vallance, admitiu que a decisão de impor a quarentena agora é mais política que científica. Outros países, como a França, anunciaram que farão o mesmo com os viajantes procedentes do Reino Unido como medida de reciprocidade.
Os profissionais do transporte aéreo do turismo, muito afetados pela pandemia, se opõem à medida que freia a retomada de suas atividades.
As companhias aéreas British Airways, EasyJet e Ryanair criticaram no domingo, em um comunicado conjunto, um dispositivo "desproporcional e injusto".