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ONU pede vacina contra o coronavírus acessível a todos

Com a participação de mais de 50 países e de cerca de 35 chefes de Estado e de Governo, esta cúpula buscava arrecadar 7,4 bilhões de dólares (6,6 bilhões de euros) para que a GAVI possa continuar suas campanhas mundiais de vacinação contra doenças como sarampo, poliomielite, ou febre tifoide, interrompidas pela pandemia de covid-19

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu nesta quinta-feira uma "vacina do povo" contra o coronavírus que, uma vez desenvolvida, deve estar disponível para todos no planeta, durante uma reunião virtual internacional que arrecadou 8,8 bilhões de dólares para a Aliança para a Vacina (GAVI).

"Uma vacina contra a COVID-19 deve ser vista como um bem público mundial, uma vacina para o povo", afirmou o português em uma mensagem de vídeo, na qual destacou que muitos líderes mundiais se declararam a favor da ideia.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que não participa da reunião ao vivo, enviou um discurso gravado.

"Como o coronavírus mostrou, ele não tem fronteiras, não discrimina", afirmou. "É ruim, é nojento, mas vamos lidar com isso juntos", acrescentou.

Com a participação de mais de 50 países e de cerca de 35 chefes de Estado e de Governo, esta cúpula buscava arrecadar 7,4 bilhões de dólares (6,6 bilhões de euros) para que a GAVI possa continuar suas campanhas mundiais de vacinação contra doenças como sarampo, poliomielite, ou febre tifoide, interrompidas pela pandemia de COVID-19.

O objetivo foi superado.

"Juntos reabastecemos essa aliança (...) asseguramos 8,8 bilhões de dólares para o trabalho vital da GAVI durante os próximos cinco anos", anunciou o anfitrião, Boris Johnson.

O Reino Unido é o maior contribuinte, com 1,65 bilhão de libras (1,85 bilhão de euros, 2,08 bilhões de dólares) prometidos para o período 2021-2025, seguido pela Fundação Gates com 1,6 bilhão de dólares.

Os Estados Unidos prometeram 1,1 bilhões de dólares, Noruega 1 bilhões de dólares, França 500 milhões de euros, Espanha 50 milhões de euros e China 20 milhões de dólares, entre outros.

- "Unir a humanidade" -

A cooperação mundial contra a pandemia também foi o desejo manifestado pelo anfitrião, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson: "Espero que esta cúpula seja o momento em que o mundo se junte para unir a humanidade na luta contra a doença".

"Peço que se juntem a nós no fortalecimento dessa aliança que salva vidas", insistiu Johnson, cujo país é o segundo mais afetado pelo coronavírus, com quase 40.000 mortes confirmadas.

Até agora, o Reino Unido é o maior colaborador da GAVI, com 1,65 bilhão de libras (2,08 bilhões de dólares) prometidos pelos próximos cinco anos.

Muitas empresas farmacêuticas estão dispostas a disponibilizar sua capacidade de produção assim que uma vacina for desenvolvida, disse o bilionário americano Bill Gates, cuja fundação é muito ativa nessa área.

Isso é essencial para garantir que tantas pessoas quanto possível tenham acesso à vacina, assim que for encontrada, disse o filantropo à BBC.

"Quando tivermos uma vacina, queremos desenvolver a imunidade coletiva" e, para isso, devemos garantir que ela seja administrada a "mais de 80% da população mundial", acrescentou, reconhecendo que os rumores e as teorias conspiratórias que correm nas redes sociais podem minar esse objetivo.

- "Poder monopolista" -

A cúpula da GAVI é realizada em um momento delicado, em que a pandemia exacerbou os ataques contra o multilateralismo, em meio à ruptura de Trump com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e ao medo de que os Estados Unidos assumam o controle sobre futuras vacinas.

"É de grande importância, e estamos conseguindo que haja consenso e apoio internacional em todo mundo para encontrar uma vacina e fornecê-la a todos os vulneráveis, porque ninguém estará seguro até que todos estejam", disse à AFP a ministra britânica do Desenvolvimento Internacional, Anne-Marie Trevelyan.

Anna Marriott, responsável pela área de saúde da organização não-governamental Oxfam, aplaudiu o estabelecimento de um novo fundo para ajudar os países em desenvolvimento a acessarem uma futura imunização contra a COVID-19.

Em uma nota, ela enfatizou, porém, que "a GAVI e os governos que a financiam devem primeiro enfrentar o poder monopolista da indústria farmacêutica que impede a vacina para o povo".

"O dinheiro dos contribuintes deve ser investido em vacinas e tratamentos isentos de royalties e disponíveis para todas as nações a preço de custo", insistiu.