Morte de médico que ficou com pele escura gera críticas ao governo chinês

Hu Weifeng trabalhava em Wuhan e sua morte, após quatro meses de luta contra a covid-19, causou comoção e questionamentos às autoridades

A morte por covid-19 de um médico cujo drama foi acompanhado atentamente pela população da China fez com que o governo do país asiático sofresse uma enxurrada de críticas e questionamentos pela internet nos últimos dias. O caso do doutor Hu Weifeng chamou a atenção do público devido ao fato de ele, após contrair o novo coronavírus, ter ficado com a pele escura.

Hu, que trabalhava no Hospital Central de Wuhan, região onde a pandemia teve início, morreu na terça-feira (2/6), depois de lutar por cerca de quatro meses contra a doença. Em março, ele se tornou notícia mundial, quando uma foto mostrando seu rosto escurecido rodou a internet. O mesmo havia acontecido com outro médico que trabalhava com ele, Yi Fan, que sobreviveu e recebeu alta em maio, segundo o jornal China Daily. Especialistas ouvidos na época disseram que a mudança no tom de pele dos dois se devia ao mau funcionamento dos rins.

A notícia da morte de Hu, somada ao fato de a causa da morte não ter sido  divulgada, gerou um grande movimento nas redes sociais chinesas, com milhares de internautas demonstrando raiva e levantando questionamento sobre a transparência por parte das autoridades envolvidas no enfrentamento da pandemia de covid-19. "Quando os líderes do Hospital Central de Wuhan serão responsabilizados?", foi uma das perguntas feitas.

Uma hashtag que marcava a morte do médico passou a ser freneticamente postada na internet chinesa. Muitos internautas, segundo reportagem da rede BBC, ressaltam o fato de Hu ter trabalhado com Li Wenliang, o médico que avisou sobre a gravidade da pandemia e acabou repreendido pelo governo chinês. Muitos temem que Hu tenha sido "silenciado", embora não haja evidências claras de que a morte de Hu ter relação com algum ato das autoridades chinesas.