O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou nesta segunda-feira a realização, em 1o de julho, de um referendo sobre a adoção da reforma constitucional que lhe dará o direito de exercer mais dois mandatos a partir de 2024.
"Organizaremos a votação nacional russa sobre a adoção das revisões da Constituição em 1o de julho", disse Putin, após uma reunião por videoconferência sobre este referendo, previsto inicialmente em abril e adiado devido à pandemia do novo coronavírus.
A propagação da pandemia se estabilizou na Rússia nas últimas duas semanas, embora o número de novas contaminações - entre 8 mil e 9 mil por dia - permaneça alto.
Segundo Putin, "a melhora da situação com o vírus" e o fato de ainda "haver um mês inteiro para tomar as medidas necessárias para melhorar ainda mais as coisas" justificam a realização do referendo em 1º de julho.
O presidente russo lançou uma reforma constitucional em janeiro que, graças a uma emenda adicionada no último minuto de março, permite-lhe exercer dois mandatos adicionais no final do atual, em 2024.
Em tese, Putin, de 67 anos, no poder desde 2000, poderia permanecer no Kremlin até 2036.
Apesar de uma queda em sua aprovação nos últimos anos, o chefe de Estado russo permanece muito popular.
A reforma já foi confirmada pelas duas casas do Parlamento, portanto não seria necessário um referendo, mas Putin decidiu que a reforma também deveria ser validada nas urnas.
O presidente prometeu que não vai aplicá-la se os russos votarem não, um cenário que parece altamente improvável.
A revisão constitucional reforça certas prerrogativas presidenciais e concede direitos socioeconômicos, como salário mínimo garantido e indexação de aposentadorias.
Também corrobora a visão conservadora da Rússia com a menção de "fé em Deus", bem como com o princípio de um casamento apenas entre um homem e uma mulher.