“O trampolim funciona”, afirmou, ontem, Elon Musk, fundador da SpaceX. A declaração foi em resposta ao diretor da agência espacial russa, que havia ironizado a incapacidade americana de concretizar voos espaciais tripulados.
Em um período de tensão entre os dois países, e quando Moscou ameaçava interromper a cooperação espacial com Washington, Dmitri Rogozin disse, em 2014, que os astronautas americanos poderiam precisar de um “trampolim” para chegar à Estação Espacial Internacional (ISS). “É uma piada entre nós”, contou Musk, na entrevista ao lado do administrador da Nasa, Jim Bridenstine.
Após o voo do grupo privado americano SpaceX, a Rússia não é mais a única a enviar astronautas à ISS. A perda do monopólio obrigará o país a remodelar seu programa espacial, avaliam analistas.
A agência espacial russa Roskosmos felicitou, ontem, a SpaceX. “Gostaria de saudar nossos colegas americanos”, parabenizou, em um vídeo publicado na conta do Twitter da Roskosmos, o cosmonauta Serguei Krikaliov, diretor executivo da agência espacial russa para os programas de voos tripulados. “O êxito desta missão vai apresentar novas oportunidades que beneficiarão todo o programa internacional de voos tripulados no espaço”, completou.
Já o porta-voz da Roskosmos, Vladimir Ustimenko, demonstrou desconforto com o frenesi americano. “Realmente, não entendemos a histeria causada pelo lançamento bem-sucedido da espaçonave Crew Dragon”, afirmou.
- Ambição
Criador dos carros elétricos Tesla, Musk fez fortuna com o PayPal e, obcecado com Marte, não hesitou em se lançar na corrida espacial. Ele está construindo um enorme foguete, o Starship, para circunavegar a Lua, ou até viajar para Marte e, finalmente, tornar a humanidade uma “espécie que habite vários planetas”. - Saiba mais
Nos foguetes de russos
Astronautas americanos têm voado para a Estação Espacial Internacional em foguetes russos da Soyuz — que decolam da base de Baikonur, no Cazaquistão — desde que o programa envolvendo ônibus espaciais terminou em 2011, após três décadas. Com o sucesso da SpaceX, os Estados Unidos ficam menos dependentes da comprar de assentos nos foguetes dos rivais. A partir do governo de Barack Obama (2009-2017), a Nasa financiou contratos com a SpaceX estimados em US$ 3,1 bilhões, e com a Boeing, por US$ 4,9 bilhões, com o intuito de devolver aos EUA a capacidade de viajar, por conta própria, ao espaço.