Pelo terceiro dia consecutivo, manifestantes tomaram as ruas de Minneapolis, a mais populosa cidade do estado americano de Minnesota, em reação à morte de George Floyd, um homem negro que perdeu a vida após ser imobilizado violentamente por um policial branco. A ação gerou uma onda de indignação no país depois da divulgação de um vídeo que mostra o agente ajoelhado no pescoço de Floyd. Também houve protestos, com prisões, em Los Angeles e em Nova York.
George Floyd, 46 anos, morreu na noite de segunda-feira. No início, a polícia alegou que o homem, suspeito de tentar passar uma nota falsa de US$ 20, havia resistido à prisão. O vídeo gravado por uma testemunha e imagens captadas pelas câmeras de um restaurante, porém, desconstroem essa versão.
“Não consigo respirar”, implorou o homem, segundo o áudio de um vídeo de aproximadamente 10 minutos, filmado por um transeunte, que viralizou. Floyd ficou durante todo o tempo deitado no chão, com o joelho do policial pressionando seu pescoço. A certa altura, diz: “não me mate”. Testemunhas tentavam, em vão, interromper a ação.
Nas imagens feitas pelas câmeras do restaurante, Floyd aparece com algemas nas costas sem oferecer qualquer resistência à prisão. “Não podemos ter dois sistemas legais, um para negros e outro para brancos”, disse o advogado da família Benjamin Crump à NBC.
Os quatro policiais envolvidos no episódio foram demitidos. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chamou a morte de Floyd de “triste e trágica” em uma rede social. “Ele quer que a justiça seja feita”, declarou a secretária de imprensa de Trump, Kayleigh McEnany.
Muitas personalidades do mundo da política, da mídia e do esporte denunciaram a violência injustificada da polícia contra os negros. “É um lembrete trágico de que este não é um incidente isolado, é parte de um ciclo de injustiça sistemática que ainda persiste em nosso país”, disse o ex-vice-presidente Joe Biden, candidato democrata à Presidência.
Biden comparou esse caso à morte de Eric Garner, também negro, em Nova York em 2014, sufocado quando foi detido por policiais brancos por suspeita de vender cigarros contrabandeados. O caso de Garner contribuiu para a ascensão do movimento de protesto Black lives Matter (em português, Vidas negras importam).
- Eu acho...
“O debate em torno do racismo despertou há muito tempo nos Estados Unidos. Eu estava em Los Angeles, em 1965, quando a prisão de cidadãos negros resultou na primeira rebelião afroamericana daquela década. A principal diferença é de que, agora, a maioria das pessoas tem celulares com câmeras de vídeo. Então, as mentiras da polícia por sua conduta podem ser rapidamente expostas.”
Clayborne Carson, fundador do Instituto Martin Luther King Jr., da Universidade de Stanford (Califórnia)