Menos de três meses após registrar oficialmente a primeira morte por covid-19, os Estados Unidos ultrapassaram, ontem, os 100 mil óbitos provocados pela doença. O anúncio foi feito no fim da tarde de ontem pela Universidade Johns Hopkins, em meio à flexibilização das normas de confinamento em todos os 50 estados do país, o mais atingido pela pandemia, com1,7 milhão de infecções. De acordo com especialistas, o número real de mortes e contágios pode ser ainda maior.
O registro da sombria marca era aguardado desde o fim de semana. No domingo, o jornal New York Times dedicou sua capa a vítimas da pandemia, inicialmente minimizada pelo presidente Donald Trump. No mês passado, o chefe da Casa Branca estimou que o Sars-CoV-2 deixaria, aproximadamente, 50 mil mortos nos EUA.
Depois, numa abordagem mais realista, admitiu a possibilidade de 100 mil. Em todo o mundo, até a noite de ontem, a covid havia provocado mais de 353 mil óbitos.
O estado de Nova York registrou quase um terço dos óbitos no país, onde as bandeiras dos Estados Unidos foram hasteadas a meio mastro no fim de semana passado em homenagem às vítimas da pandemia. Segundo as autoridades norte-americanas, a doença provocou as primeiras mortes em meados de fevereiro, sem que se soubesse a causa real naquele momento.
O primeiro registro oficial se deu em 3 de março. Em 24 de abril, a marca dos 50 mil mortos foi superada, dobrando em pouco mais de um mês. De acordo com uma média de vários modelos epidemiológicos, feita por pesquisadores da Universidade de Massachusetts, o número de óbitos por covid-19 se aproximará das 123 mil pessoas no país até 20 de junho.
Apesar da magnitude do balanço divulgado ontem, o número de mortes por habitantes é mais baixo nos Estados Unidos do que em vários países europeus como Reino Unido, Bélgica, Itália, Espanha, França e Suécia, segundo o site de estatísticas Worldometer.
Redução
Entre terça-feira e ontem, pelo terceiro dia consecutivo, os Estados Unidos registraram menos de 700 mortes em 24 horas. Após balanços diários que superaram os 2 mil óbitos, entre o começo de abril e maio, país está há 20 dias sem superar esse limite, embora tenha registrado mais de mil mortes diárias nas últimas três semanas.
Com uma queda sustentada nos contágios, a prefeita de Washington anunciou que as medidas de confinamento em vigor na capital americana vão começar a diminuir a partir de amanhã. Está autorizada a reabertura de restaurantes, cabeleireiros e de empresas sob normas preventivas. “O vírus ainda está em nossa cidade, em nossa região e em nosso país”, alertou Muriel Bowser.
A prefeita decretou o fechamento de lojas não essenciais em 17 de março e, 15 dias depois, o confinamento. Centro administrativo do país, com uma população estimada em 700 mil pessoas, Washington contabilizava, ontem, 8.406 infectados e 445 mortos pela pandemia do novo coronavírus.
Reuniões com mais de dez pessoas continuarão sendo proibidas nessa primeira fase de reabertura. Restaurantes com espaço aberto poderão receber seus clientes no exterior, com um limite de seis clientes por mesa, que deve estar a pelo menos 1,8m de distância da outra. Os cabeleireiros poderão receber clientes, mas somente com hora marcada.
Parques, campos de golfe e tênis serão reabertos, mas as piscinas e áreas públicas de recreação permanecerão fechadas. Lojas consideradas não essenciais podem entregar pedidos na calçada e fazer entregas. Os estabelecimentos autorizados a vender álcool foram mantidos abertos durante o confinamento. O teletrabalho permanece “aconselhado” sempre que possível.
Muriel Bowser reiterou que as celebrações do Dia da Independência, em 4 de julho, na esplanada do Mall, estão canceladas. Não haverá o tradicional desfile nem os fogos de artifício.