Considerado uma das festas mais importantes do calendário muçulmano, o fim do Ramadã se adaptou às restrições da pandemia. O Eid al-Fitr é tradicionalmente comemorado com orações na mesquita, visitas a familiares e compras de roupas, presentes e doces. Porém, do Egito ao Iraque, passando pela Turquia e Síria, vários países proibiram orações coletivas para celebrar o encerramento do mês mais sagrado para os muçulmanos.
Na tentativa de impedir a disseminação do novo coronavírus, boa parte das nações árabes impuseram o isolamento obrigatório 24 horas por dia. Mas mesmo nos locais em que as restrições sociais estão mais brandas, as celebrações foram contidas. Isso porque houve um aumento dos casos de infecção durante o mês de jejum.
A Arábia Saudita, lar dos locais mais sagrados do Islã, viu o número de infecções quadruplicar desde o início do Ramadã, atingindo cerca de 68 mil casos e 310 mortos. O reino instituiu um toque de recolher total de cinco dias, iniciado no sábado. O Egito, país mais populoso do mundo árabe, decretou recolher obrigatório a partir da tarde de ontem até a próxima sexta-feira. Com 100 milhões de habitantes, o país contabiliza 700 óbitos em decorrência da covid-19, o maior número de óbitos.
Em Jerusalém, a mesquita Al-Aqsa, o terceiro local mais sagrado do Islã, foi fechada. Em Gaza, o Hamas, movimento islâmico que controla o enclave palestino, autorizou orações em mesquitas, apesar do anúncio da primeira morte ligada ao coronavírus no sábado. Um homem de 77 anos perdeu a vida em decorrência da covid-19, aumentando a preocupação com o avanço da doença na região superlotada
Nos mercados
Desconsiderando as recomendações de distanciamento físico, paquistaneses correram aos mercados para fazer compras antes do Eid al-Fitr. “Por mais de dois meses, meus filhos ficaram confinados em casa. Essa festa é para as crianças e, se elas não podem comemorar com roupas novas, não faz sentido trabalhar tanto o ano todo”, justificou Ishrat Jahan, à Agência France-Presse (AFP) de notícias, em um mercado da cidade de Rawalpindi.
Na Rússia, os dignitários religiosos muçulmanos pediram aos fiéis que “ficassem em casa e criassem uma atmosfera festiva com a família”. Foi decidido abrir para as orações apenas as maiores mesquitas das cidades, mas com a participação do “número mínimo de pessoas” necessário para uma oração coletiva, de acordo autoridades. O número de mortes por covid-19 no Oriente Médio e na Ásia tem sido menor do que na Europa e nos Estados Unidos, mas segue em alta.