Os moradores de La Pintana, um bairro operário, com algumas partes muito pobres ou com locais perigosos, desafiaram a quarentena decretada em Santiago desde a última sexta para protestar com cartazes, bater em panelas e gritar contra o governo, o qual acusam não estar lhes oferecendo ajuda em meio à pandemia no Chile.
"O governo não se fez presente conosco, não temos ajuda para nada, temos doentes de COVID-19, que não estão sendo visitados, os exames não chegam oportunamente, não temos nada na realidade", disse à AFP Helen, de 30 anos, moradora de La Pintana.
Há uma semana, o Chile vem superando dia a dia seus registros diários para a doença, e nesta quarta registrou 4.038 novos casos de coronavírus, aumentando o total de infectados no país para 53.617 casos, e 31 mortos, somando-se ao total de 544 mortes desde 3 de março.
"Se o vírus não nos matar, a fome nos matará", estava escrito em um dos cartazes dos manifestantes.
A polícia e o Exército que garantem o cumprimento do confinamento em Santiago chegaram ao local para controlar os protestos - realizados principalmente por mulheres -, mas permitiram que eles continuassem se manifestando pacificamente nas calçadas, tirando-os das avenidas.
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"Muitos trabalham na construção civil, são empregadas domésticas ou funcionários nos shoppings e é tudo o que está fechado. Não sabemos lidar com isso", disse Cecilia, uma das moradoras de La Pintana, à Rádio Cooperativa.
A falta de trabalho deixou as famílias mais vulneráveis sem dinheiro para comprar comida, gerando protestos que se espalharam por comunidades da capital chilena.
O governo anunciou que entregará 2,5 milhões de cestas básicas, medida que entrará em vigor no final de maio para as famílias mais vulneráveis, segundo informou o presidente Sebastián Piñera, na última segunda.
As autoridades também prometeram auxílio-emergencial para os mais pobres, que os manifestantes declararam insuficientes.