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Partido de Macron sofre revés

Fundado pelo governante, o República em Marcha perde sete deputados e a maioria absoluta na Assembleia Nacional. Agora, o Palácio do Eliseu dependerá de outras forças para aprovar reformas



O República em Marcha (LREM, na sigla em francês), partido fundado pelo presidente Emmanuel Macron, perdeu, ontem, sete de seus parlamentares e, com isso, a maioria absoluta na Assembleia Nacional, a Câmara baixa do Parlamento. Os dissidentes se engajaram num novo grupo, o Ecologia, Democracia, Solidariedade, que se define como independente e é composto por 17 deputados.

A formação desse grupo derrubou a bancada de Macron para 288 deputados, uma a menos do necessário para a maioria absoluta de que o partido do governo desfrutava até agora. Na prática, o partido do presidente francês continua contando com deputados de outros grupos de centro. E poderá retomar a hegemonia com a chegada da suplente de um deputado que renunciou recentemente.

Dessa forma, pesos-pesados do partido do governo tentaram minimizar o golpe, afirmando que a perda “não é um cataclismo” e que contam com os aliados. No entanto, segundo analistas, a perda dos sete deputados tem grande simbolismo. Pela primeira vez, Macron dependerá efetivamente do apoio de fora de seu grupo para aprovar as reformas.

Encolhimento


Após as eleições de 2017, das quais Macron saiu vitorioso, o LREM tinha 314 membros. Ao longo dos anos, vem perdendo parlamentares, especialmente de centro-esquerda, com sua popularidade sendo corroída por polêmicas reformas econômicas e sociais do governo.

Recente pesquisa de opinião mostrou que apenas um terço da população francesa confia em Macron para administrar os problemas do país. Seus críticos apontam que ele governa para os ricos e está longe das preocupações da classe trabalhadora.

De acordo com a declaração política divulgada ontem, a nova bancada parlamentar deseja contribuir para a realização de uma “forte transformação social e ecológica”. Para seus integrantes, “após a covid-19, nada deveria ser como antes”. “Promoveremos e apoiaremos todas as decisões que estão no nível do que está em jogo, mas saberemos como nos opor em todos os outros casos”, afirmam.

Confrontados, os dissidentes negaram terem traído os compromissos que assumiram quando tomaram posse, há quase três anos, alegando que foi a maioria que se afastou dos compromissos firmados com os franceses.