A Presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, recebeu bem o projeto de revitalização da economia de meio trilhão de euros proposta pelos líderes da França e da Alemanha para ajudar a União Europeia a se recuperar da crise histórica causada pela covid-19.
"As propostas franco-alemãs são ambiciosas, focadas e bem-vindas", disse ela em entrevista aos jornais europeus "Les Echos" (França), "Corriere della Sera" (Itália), "Handelsblatt" (Alemanha) e "El Mundo" (Espanha).
A crise da covid-19 "é uma boa oportunidade para modernizar" o Pacto de Estabilidade e Crescimento, avaliou Lagarde.
Essas medidas anunciadas pelo presidente francês, Emmanuel Macron, e pela chanceler alemã, Angela Merkel, visam a criar um fundo de reativação temporário alimentado com créditos da Comissão Europeia nos mercados em nome dos 27 Estados-Membros da UE.
O dinheiro será entregue depois como "despesas orçamentárias", e não como empréstimos, para países europeus e "setores e regiões mais afetados" pela pandemia de coronavírus, informa a declaração franco-alemã.
"Isso mostra o espírito de solidariedade e de responsabilidade" recentemente evocado pela chanceler alemã, elogiou a presidente do BCE.
Para Lagarde,, "não se pode reforçar a solidariedade financeira sem uma maior coordenação das decisões em nível europeu".
Citando um "impacto considerável e desigual em tempos de paz", Lagarde antecipa, "no cenário mais grave, uma queda de 15% no Produto Interno Bruto apenas no segundo trimestre" na zona do euro.
Da mesma forma, referindo-se a quão difícil é avaliar o impacto do confinamento em cada país, Lagarde considerou "provável" que, se uma "segunda onda" da epidemia ocorrer, as "consequências econômicas serão menos graves, pois a experiência dá seus frutos".
Quando questionada sobre a recente decisão do Tribunal Constitucional alemão, que pediu ao BCE que justifique sua política de compra em massa da dívida pública europeia, Lagarde explicou que a instituição monetária permanece "inalterável" em seu objetivo de estabilidade de preços.
Quanto a uma possível recusa do Banco Central Alemão a participar dessas compras de dívida, a presidente do BCE lembrou que "todos os bancos centrais nacionais devem participar plenamente das decisões e da implementação da política monetária na zona do euro".