Em uma mensagem de vídeo transmitida em Genebra por ocasião da 73ª Assembleia Mundial da Saúde, o homem forte de Pequim garantiu que é a favor de uma "avaliação completa" e "imparcial" da resposta global ao novo coronavírus, uma vez que a epidemia for interrompida.
A assembleia da Organização Mundial da Saúde (OMS), realizada on-line pela primeira vez na história, deve discutir uma resolução promovida pela União Europeia (UE) exigindo uma "avaliação imparcial, independente e abrangente" da resposta internacional à crise do coronavírus.
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A China, o primeiro país a declarar casos da covid-19 no final do ano passado, é acusada pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de demorar a avisar a comunidade internacional e tomar medidas.
Refutando as acusações, Xi assegurou que seu país "sempre" mostrou "transparência" e "responsabilidade" diante da pandemia, compartilhando informações com a OMS e outros países em tempo hábil.
Os Estados Unidos e a Austrália pediram uma investigação internacional sobre a origem do vírus. Pequim denuncia uma "politização" dessa questão, enfatizando regularmente que o "paciente zero" da Covid-19 não foi encontrado e que "não é necessariamente" chinês.
Corrida pela vacina
Ansioso para proteger os chineses e silenciar os críticos ocidentais quanto à gestão da pandemia, Pequim também se posiciona como um participante chave na corrida por uma possível vacina. O país incentiva institutos públicos e empresas privadas a acelerar suas pesquisas. E a China garantiu na sexta-feira que cinco vacinas experimentais já começaram a ser testadas em seres humanos.
Qualquer eventual vacina desenvolvida pela China se tornará um "bem público global", acessível e disponível nos países em desenvolvimento, prometeu Xi. Segundo a maioria dos especialistas, uma vacina contra a covid-19 só deverá ser finalizada em entre 12 ou 18 meses.
O presidente chinês também disse que seu país contribuirá com US$ 2 bilhões (R$ 11,52 bilhões) para a luta global contra a covid-19, especialmente nos países em desenvolvimento. "A China trabalhará com os membros do G20 para implementar a iniciativa de alívio da dívida para os países mais pobres", explicou.
Por fim, ele propôs tornar seu país, em colaboração com a ONU, uma "plataforma logística e um armazém" humanitário de emergência, com o objetivo de facilitar o fornecimento de equipamentos contra o coronavírus em todo o mundo. A pandemia de covid-19 já matou mais de 315 mil pessoas em todo o mundo, com sérias consequências para a economia global.
Investigação 'no tempo certo'
O chefe da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou, durante a Assembleia da OMS, que lançaria uma investigação "independente" sobre a resposta à pandemia pela agência da ONU e seus Estados membros "o mais rápido possível no momento apropriado".
"Lançarei uma avaliação independente o mais rápido possível, no momento apropriado, para revisar as experiências e lições aprendidas e fazer recomendações para melhorar a preparação e resposta nacional e global à pandemia", afirmou Tedros aos 194 países membros da OMS reunidos virtualmente para sua reunião anual.
A pandemia expôs alguns problemas críticos entre países que podem colocar em risco o combate ao vírus.
Ele enfatizou que a OMS declarou uma emergência de saúde no dia 30 de janeiro, o nível mais alto de alerta, quando haviam menos de cem casos fora da China. Nas semanas seguintes, a organização afirmou que havia uma janela de oportunidade para conter a pandemia.
"O risco continua alto e temos um longo caminho a percorrer", afirmou Tedros. Testes sorológicos preliminares em alguns países mostraram que no máximo 20% das populações haviam contraído a doença e "na maioria dos lugares menos de 10%", disse ele.
A entidade está comprometida com transparência, responsabilização e melhora contínua, e ele disse que receberá bem uma auditoria independente da OMS após a pandemia.
"Eu vou começar uma avaliação independente no momento apropriado mais breve", disse ele.