Saeb Erekat, secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP)
Netanyahu defendeu hoje (ontem) que Israel aplique a soberania sobre os assentamentos judaicos da Cisjordânia. O que o senhor acha disso?
Ele está reafirmando o que tem dito a todos e o que é parte de seu governo de coalizão. Netanyahu está dizendo ao mundo inteiro: “Eu estou prestes a cometer um novo crime”. Na medida em que não for contido, ele o fará. As consequências disso serão dramáticas não apenas para a nossa região, já que essa é uma ameaça contra os princípios básicos da ordem mundial baseada em regras.
Ao afirmar que “é hora de aplicar a lei israelense e escrever outro capítulo glorioso na história do sionismo”, o que Netanyahu pretende dizer?
Isso significa a anexação do território ocupado.
Que tipo de reação o senhor espera da comunidade internacional?
A comunidade internacional não apenas tem a responsabilidade, mas também as ferramentas suficientes para confrontar essa ameaça. Depois de mais de meio século de tratamento impune à empreitada colonialista ilegal de Israel, e de outras violações do direito internacional, com impunidade, já passou da hora de impor sanções a Israel, inclusive econômicas e diplomáticas. Também esperamos que outras entidades, como a Corte Penal Internacional, cumpra com seu trabalho. Com Israel prestes a iniciar seu processo de anexação, o governo brasileiro poderia avaliar como tem contribuído para a cultura de impunidade, com seu apelo à Corte Penal Internacional para que não tome nenhuma ação sobre a Palestina. (Rodrigo Craveiro)