P: Você ficou surpresa com a evolução da epidemia?
R: Não nos surpreendeu como tal, porque sabíamos que isso poderia acontecer. Em 2009 tivemos uma pandemia de gripe H1N1 e o vírus se espalhou muito rapidamente pelos cinco continentes. Então, sabíamos que, dado o nosso estilo de vida, poderia avançar muito rápido. O que surpreende é o estado de preparação de alguns países, uma vez que eles não estavam realmente prontos para enfrentar essa pandemia.
P: Como explicar essa falta de preparação?
R: Antes da crise de 2009, havia muita preparação porque a gripe aviária ocorreu em 2003-2005. Então, quando chegamos à pandemia de 2009, os planos estavam prontos, os países tinham estoques de máscaras, todo mundo estava pronto.
Após a pandemia de 2009, as pessoas pensaram que finalmente não havia sido tão séria e os países não atualizaram necessariamente seus planos. À medida que o perigo diminuía, pensaram que não valia a pena se estressar tanto. Então eu acho que muitos países enfrentaram o coronavírus mal preparados.
Acho que a epidemia de 2009 não foi tão grave porque estávamos prontos. Se não estivéssemos, poderia ter sido muito mais séria. As estimativas estão entre 250.000 e 400.000 mortos.
P: Os países vão aprender com a COVID-19?
R: Quando se compara, por exemplo, o que acontece na Europa, Estados Unidos e na Ásia, fica claro que os países asiáticos estão muito mais preparados. Porque em 2003 tiveram a SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), que apareceu no final de 2002 na China e deixou cicatrizes significativas.
A epidemia foi seguida por uma crise econômica muito forte, o que deixou más lembranças da SARS e forçou a implementação de medidas importantes.
Por exemplo, na Coreia, em 2015, eles tiveram uma epidemia de Mers, que obviamente não foi uma epidemia séria, mas teve um enorme impacto em sua economia. Então eles aprenderam a lição e desta vez estavam prontos.
Penso que o mesmo acontecerá nos países que agora estão enfrentando essa crise de coronavírus com falta de preparação. E acho que as pessoas estarão muito mais preparadas agora se houver uma segunda fase. O que, obviamente, espero que não aconteça.