Mundo

Novos casos de covid deixam a Ásia em alerta

A segunda onda de contaminações por Sars-CoV-2 pode ter chegado à China e à Coreia do Sul, que voltam a registrar infecções por transmissão local. Diagnósticos coincidem com a retomada da vida normal, com reabertura de escolas e do comércio



A China e a Coreia do Sul voltaram a registrar casos de coronavírus, levantando o temor de que a segunda onda de covid-19 se aproxima do continente asiático. Wuhan, cidade chinesa apontada como o berço da pandemia, reportou o primeiro caso desde 3 de abril. No país, já são 14 pessoas infectadas. O governo sul-coreano também está em alerta: ontem, foram anunciados 34 novos diagnósticos, sendo 26 por transmissão local. Depois de conter a propagação do vírus e flexibilizar as restrições, a prefeitura de Seul se viu forçada a fechar novamente todos os bares e boates da capital.

De acordo com o prefeito, Park Won-soon, as novas estatísticas são consequência dos casos de infecção em Itaewon, um dos distritos de vida noturna mais movimentados da cidade. Quase 20 contaminações estariam relacionadas a um homem de 29 anos que testou positivo para o Sars-CoV-2 depois de passar algum tempo em cinco nightclubs e bares no local. As autoridades de saúde calculam que 7,2 mil pessoas visitaram os locais identificados, e pedem que elas se apresentem, voluntariamente, para exames.

“O descuido pode levar a uma explosão de infecções”, afirmou o prefeito de Seul, Park Won-soon, antes de informar que a o fechamento de bares e boates seguirá em vigor por tempo indeterminado.

“Isso não vai terminar até que realmente chegue ao fim”, disse, ontem, o presidente sul-coreano, Moon Jae-in. De acordo com ele, os novos casos de contaminação mostram que, mesmo durante a fase de estabilização, situações similares podem surgir novamente a qualquer momento. “Estamos em uma guerra prolongada. Peço a todos que colaborem com as medidas preventivas e as regras, até que a situação tenha acabado”, insistiu o presidente.





Preparação
No início do mês, o chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS) na Europa, Hans Kluge, alertou que o mundo deve se preparar para uma segunda ou terceira onda do coronavírus. “A covid-19 não vai desaparecer tão cedo (…). Se a primeira onda desaparecer, temos que nos preparar para uma segunda ou terceira onda, especialmente se não houver uma vacina. Isso exigirá a colaboração de todos”, destacou Kluge.

Modelos epidemiológicos sugeriram que, se as medidas de isolamento social na China tivessem sido mantidas até junho, seria possível adiar os novos surtos para o fim de outubro. Contudo, o país começou a abertura gradual ainda em abril. No sábado, o governo anunciou que estuda regras para o retorno das atividades de cinemas e academias. No mesmo dia, Pequim admitiu que a covid-19 revelou “lacunas” no sistema de saúde e de prevenção de doenças infecciosas.

Ontem, com os 14 novos casos, o país registrou, pela primeira vez desde 1º de maio, um aumento de dois dígitos no número de contaminações em um único dia. A maioria dos diagnósticos ocorreu em Shulan, no nordeste chinês. A cidade foi colocada em quarentena.

Com o registro em Wuhan, a China elevou o nível de risco epidemiológico na grande metrópole localizada no centro do país. A capital da província de Hubei foi particularmente afetada pelo Sars-CoV-2 desde o primeiro caso, no fim de novembro passado. Por mais de dois meses, o epicentro da epidemia chinesa foi mantido em confinamento estrito.

Desde o fim da quarentena, em 8 de abril, quando as atividades começaram a ser retomadas progressivamente, o nível de risco era pequeno. Agora, passou para médio. Segundo a Comissão Nacional de Saúde, o mais recente infectado é um homem de 89 anos, que mora no distrito de Dongxihu, ao noroeste de Wuhan.




Dez mil casos na África do Sul
A África do Sul superou os 10 mil diagnósticos confirmados do novo coronavírus, que deixou, até a noite de ontem, 194 mortos no país, anunciou o Ministério da Saúde. De sábado para domingo, houve 595 novos diagnósticos. O ministro Zwelini Mkhize observou que 84% das infecções por covid-19 estão localizadas em duas das nove províncias do país, o Cabo Oriental e o Cabo Ocidental. Desde 1º de maio, o governo vem gradualmente diminuindo as medidas de contenção impostas no fim de março. A África do Sul é o país mais afetado pela pandemia na África Subsaariana.