Antes de apresentar, nesta semana, o plano para começar a encerrar o isolamento social no Reino Unido, o primeiro-ministro Boris Johnson declarou-se, ontem, determinado a combater o novo coronavírus, após sofrer com a doença, um “momento difícil”, em que seus médicos temeram de a morte dele. Com 28.446 mortes registradas, o Reino Unido é o segundo país europeu com mais óbitos por causa da doença, atrás da Itália.
Em entrevista ao tabloide The Sun on Sunday, Boris Johnson, 55, relatou com detalhes sua experiência com a doença e se declarou “movido pelo desejo de recolocar o país de pé”, após ser internado em uma unidade de cuidados intensivos.
“Foi um momento difícil, não vou negar. Não estava em um estado particularmente estupendo e sabia que havia planos de contingência em marcha. Os médicos tinham uma estratégia para lidar com um cenário de morte. Eles tinham todo tipo de preparativo sobre o que fazer se as coisas saíssem mal”, disse Johnson.
O premier britânico anunciou, em 27 de março, que havia contraído a doença e disse ter sintomas leves. Em 5 de abril, foi levado ao hospital para ser testado e, em 24 horas, transferido para a UTI. Ele afirmou que ficou “em negação” sobre a gravidade do seu estado de saúde. “Os médicos tinham razão ao me obrigarem” a ir ao hospital, reconheceu. Relatou ter se dado conta de sua situação quando a equipe considerou entubá-lo.
O líder do Partido Conservador passou três dias recebendo oxigênio e teve alta em 12 de abril. Ele contou ao tabloide que nunca achou que fosse morrer, mas que se sentiu frustrado porque não melhorava. Emocionado, classificou sua cura de “algo extraordinário”.
Johnson voltou ao trabalho na segunda-feira da semana passada, dois dias antes de sua noiva dar à luz a seu filho, cujo terceiro nome — a criança se chama Wilfred Lawrie Nicholas Johnson — presta homenagem a dois dos médicos que o trataram.
Relaxamento
O premier deve anunciar esta semana um plano para aliviar as restrições no país, em vigor desde 23 de março e que vão até 7 de maio. A população só pode sair para ir ao mercado, ao médico ou fazer exercício uma vez ao dia. Autoridades temem que a flexibilização do confinamento leve a um aumento do número de infecções. Uma das ideias estudadas é colocar em quarentena viajantes que chegarem do exterior. Ante o futuro fim do distanciamento social, o governo prevê contratar 18 mil pessoas, até meados de maio, para consolidar sua estratégia de realizar testes e acompanhamento de pessoas infectadas.