Genebra, Suíça -Dezenas de países correm o risco de sofrer com a falta de vacinas, principalmente contra o sarampo, por causa das restrições no transporte aéreo justificadas pela pandemia do novo coronavírus, alertou o Unicef nesta sexta-feira (1º).
No último ano, o Fundo das Nações Unidas para a Infância distribuiu aproximadamente 2,43 bilhões de doses em 100 países para vacinar 45% das crianças com menos de 5 anos de idade.
Desde a semana de 22 de março, a organização observou uma redução de 70% a 80% nos envios das vacinas, devido à drástica queda nos voos comerciais e à quantidade limitada de voos fretados.
"Atualmente, dezenas de países correm o risco de ficar sem vacinas por causa do atraso no envio das mesmas", explicou uma porta-voz da UNICEF, Marixie Mercado, em uma entrevista coletiva virtual realizada a partir de Genebra.
Os 26 países mais ameaçados por causa dessa condição são os de difícil acesso, pelo menor número de voos comerciais e fretados nesses locais, o que também torna o custo para um eventual transporte exorbitante, ressaltou a porta-voz.
Muitos desses países estão na África, mas também na Ásia, como é o caso da Coreia do Norte e da Birmânia. Segundo a Unicef, cinco desses 26 países enfrentaram no último ano epidemias de sarampo, uma doença altamente contagiosa e mortal.
Por causa dos atrasos, os países estão usando seus estoques de vacinas para emergências, que tem duração estimada em mais três meses. Se os problemas de transporte continuarem, um número maior de países corre o risco de ficar sem estoque de vacinas.
A Unicef, como muitas outras organizações, teme que a interrupção da imunização de rotina, principalmente em países com sistemas de saúde frágeis, ocasione surtos devastadores dessas doenças neste ano e nos próximos.
Mesmo antes da pandemia da COVID-19, cerca de 20 milhões de crianças em todo o mundo não haviam recebido vacinas essenciais, como para sarampo, difteria ou tétano.