Os Estados Unidos denunciaram, ontem, remessas de ouro feitas pelo governo de Nicolás Maduro a Teerã como pagamento por suprimentos para a fraca indústria de petróleo venezuelana. Para Washington, depois de Cuba, Rússia e China, o Irã é o “último ator prejudicial” a apoiar o regime chavista.
A análise foi feita, durante videoconferência, por Elliott Abrams, principal diplomata dos EUA para assuntos venezuelanos. Segundo ele, “o Irã está desempenhando um papel cada vez maior” no país sul-americano.
“Estamos vendo o Irã enviando cada vez mais aviões para a Venezuela, particularmente esta semana. E acreditamos que eles são pagos com ouro, que os aviões vindos do Irã que estão trazendo coisas para a indústria do petróleo estão retornando com pagamentos por estas coisas: ouro”, disse Abrams, no encontro virtual organizado pelo centro de análise do Instituto Hudson e liderado pelo ex-porta-voz do Departamento de Estado Heather Nauert.
O diplomata lembrou que, na véspera, o secretário de Estado, Mike Pompeo, havia denunciado “transferências de apoio” realizadas nos últimos dias ao regime de Maduro pela empresa aérea Mahan Air. Com sede no Irã, a empresa está sob sanções dos EUA há anos, acusada de apoiar a força paramilitar iraniana Guardiões da Revolução e de levar equipamentos militares para zonas de conflito no Oriente Médio.
“Esses voos precisam parar”, afirmou Pompeo, pedindo aos países que neguem o acesso ao espaço aéreo para a Mahan Air, também alvo de sanções da Alemanha e da França.
Durante a videoconferência, Elliot Abrams opinou que esse endosso iraniano evidencia que China e Rússia não estariam dispostas a ajudar o governo venezuelano. Analistas destacam que, apesar de dispor das maiores reservas provadas de petróleo do mundo, a indústria de petróleo da Venezuela está seriamente afetada pela corrupção e pela falta de investimentos em melhorias e manutenção.
Abrams também fez considerações sobre o novo ministro do petróleo da Venezuela, Tareck El Aissami, nomeado recentemente com o objetivo de reviver a indústria do petróleo. De acordo com o diplomata, além de ter sido sancionado pelo Tesouro dos Estados Unidos, ele foi indiciado pela Justiça americana por narcotráfico. Há um mês, o Departamento de Estado norte-americano ofereceu uma recompensa de até US$ 10 milhões por informações para prender El Aissami.
Abrams confirmou os supostos laços do novo ministro venezuelano com o Irã e com o movimento xiita libanês Hezbollah, apoiado pela República Islâmica. Mike Pompeo já acusou Maduro de abrigar apoiadores do Hezbollah, o que considera “simplesmente inaceitável”.
"Estamos vendo o Irã enviando cada vez mais aviões para a Venezuela”
Elliott Abrams, diplomata americano