A maioria dos kits de testes virais se baseia em técnicas de preparação e análise de laboratório que demandam muito tempo e trabalho. Por exemplo, métodos diagnósticos para o novo coronavírus podem levar dias para detectar o coronavírus a partir de partículas nasais. Agora, pesquisadores desenvolveram um dispositivo barato, embora sensível, baseado em smartphones, para detecção de patógenos virais e bacterianos que leva cerca de 30 minutos para ser concluído. O acessório para o celular, com custo de aproximadamente US$ 50, pode reduzir a pressão nos laboratórios de testes durante uma pandemia como a de Covid-19, dizem os cientistas.
Os resultados do estudo, liderado pelo professor de engenharia elétrica e de computadores Brian Cunningham e pelo professor de bioengenharia Rashid Bashir, da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, foram relatados na revista Lab on a Chip. “Os desafios associados ao teste rápido de patógenos contribuem muito para incerteza sobre quais indivíduos devem permanecer em quarentena, além de uma série de outras questões econômicas e de saúde”, diz Cunningham.
O estudo começou com o objetivo de detectar patógenos virais e bacterianos em cavalos, incluindo aqueles que causam doenças respiratórias graves semelhantes às apresentadas na Covid-19. “Os patógenos que atingem cavalos podem levar a doenças devastadoras nas populações de animais, mas uma razão pela qual também trabalhamos com eles tem a ver com segurança. Esses micro-organismos são inofensivos para os seres humanos”, conta o pesquisador.
Acesso ao RNA
O novo dispositivo de testes é composto por um pequeno cartucho contendo reagentes e uma porta para inserir um extrato nasal ou amostra de sangue. A unidade inteira é conectada a um smartphone. Dentro do cartucho, os reagentes abrem a camada externa de um patógeno para obter acesso ao seu RNA. Uma molécula de primer, então, amplifica o material genético em muitos milhões de cópias em cerca de 10 ou 15 minutos. Um corante fluorescente mancha as cópias e brilha em verde quando iluminado pela luz azul do LED, que é, então, detectada pela câmera do smartphone.
“Esse teste pode ser realizado rapidamente em passageiros antes de embarcar em um voo, em pessoas que vão a um parque temático ou antes de eventos, como uma conferência ou concerto”, acredita Cunningham. “A computação em nuvem por meio de um aplicativo para smartphone pode permitir que um resultado negativo seja registrado com os organizadores do evento ou no cartão de embarque de um voo. Ou, então, uma pessoa em quarentena pode fazer testes diários, registrar os resultados com um médico e saber quando é seguro sair e se juntar à sociedade.”
Atualmente, existem algumas etapas preparatórias realizadas fora do dispositivo, e a equipe trabalha em um cartucho que possui todos os reagentes necessários para ser um sistema totalmente integrado. Outros pesquisadores da universidade estão usando o genoma coronavírus para criar um teste móvel para a Covid-19. (PO)
30 minutos
É o tempo estimado para que saia o resultado do teste, feito com amostra de sangue ou extrato nasal