A Guarda Revolucionário do Irã anunciou nesta quarta-feira (22/4) o lançamento com sucesso de seu primeiro satélite militar, uma notícia que coincide com o aumento da tensão com os Estados Unidos na região do Golfo.
Washington afirma que o programa de satélites do Irã acoberta o desenvolvimento de mísseis. Teerã nega a acusação e insiste em que seu desenvolvimento aeroespacial é pacífico, transparente e cumpre as obrigações internacionais.
As tensões entre os dois países aumentaram na última semana, depois que o Departamento da Defesa americano disse que o Irã está tentando pressionar seus navios no Golfo Pérsico.
A Guarda Revolucionária, exército responsável por defender os valores ideológicos da Revolução Islâmica, classificou o lançamento surpresa do satélite de "grande êxito".
"O primeiro satélite da República Islâmica do Irã foi colocado em órbita com êxito pela Guarda Revolucionária", afirmou o Sepahnews, site oficial da Guarda.
O satélite, que recebeu o nome "Nour", que em persa significa "Luz", foi lançado do deserto de Markazi, centro do país, de acordo com a mesma fonte.
O satélite foi colocado em órbita a 425 quilômetros da Terra.
"Esta ação representa um grande êxito e um novo desenvolvimento na área espacial para o Irã Islâmico", afirma o texto publicado pela Guarda.
A televisão estatal exibiu imagens que afirmou serem do satélite colocado em um foguete para o lançamento desta quarta-feira.
O foguete tinha o nome Qased, o "mensageiro", no que parecia a primeira ocasião em que o Irã utilizou este tipo de artefato.
Até o momento, nenhuma fonte independente confirmou o lançamento.
No dia 9 de fevereiro, o Irã lançou um satélite, mas não conseguiu colocá-lo em órbita.
O lançamento frustrado do "Zafar" ("Vitória", em persa) aconteceu poucos dias antes do 41º aniversário da Revolução Islâmica.
Irã e Estados Unidos se aproximaram de um confronto direto em várias ocasiões nos últimos anos.
Em 2018, a rivalidade entre Teerã e Washington aumentou quando o presidente americano, Donald Trump, retirou-se unilateralmente do tratado sobre o programa nuclear iraniano.
Em janeiro deste ano, a tensão voltou a aumentar quando um ataque de drone dos Estados Unidos matou no Iraque o general Qassem Soleimani, comandante da Força Quds, responsável pelas operações no exterior da Guarda Revolucionária.
Washington já criticou diversas vezes o programa de satélites iranianos. Teerã alega que não tem interesse em adquirir armas nucleares, afirmando que suas atividades aeroespaciais são pacíficas e cumprem as resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
A República Islâmica, um dos países mais afetados do mundo pela pandemia do novo coronavírus, acusa Washington de "terrorismo econômico" pelas sanções aplicadas ao país desde que se retirou do tratado nuclear internacional.
O Irã afirma que as sanções impedem o país de ter acesso aos remédios e ao material médico necessários para lutar contra o vírus.
O balanço do país no coronavírus registra quase 5.300 mortes e 85.000 infectados desde o surgimento dos primeiros casos, em 19 de fevereiro.
Analistas acreditam, porém, que o número real de vítimas fatais e de contaminados no país seja muito maior.