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Criticada, China corrige o número de mortes

Em meio a críticas sobre a gestão da pandemia de covid-19 em seu início, a China revisou os números e anunciou ontem 1.290 mortes a mais na cidade de Wuhan, marco zero do coronavírus. Os novos dados vieram depois que líderes mundiais colocaram em dúvida as estatísticas e a condução da estratégia chinesa para conter o surto. A China havia anunciado até então 3.342 mortes e mais de 82 mil contágios pelo coronavírus em um país de quase 1,4 bilhão de habitantes. Ontem, Wuhan surpreendeu o mundo ao elevar em 50% o balanço de mortes provocadas pela covid-19. Em um comunicado publicado nas redes sociais, a cidade chinesa de 11 milhões de habitantes explicou que, no pico da epidemia, alguns pacientes morreram em casa, pois não tinham condições de ser atendidos em hospitais e não foram contabilizados. Com os novos números, a China chegou aos 4.632 mortos pela doença. Durante a última semana, o país foi alvo de questionamentos de líderes mundiais. O presidente dos EUA, Donald Trump, que acusa os chineses de esconderem estatísticas, disse ontem que, mesmo com a revisão dos números, o total de casos deve ser "muito maior". "A China acaba de anunciar uma duplicação no número de mortes pelo 'Inimigo Invisível'. É muito maior que isso e muito mais alto que nos EUA, não chega nem mesmo perto!", postou Trump, em sua conta no Twitter. Na quinta-feira, o presidente francês, Emmanuel Macron, disse, em entrevista ao jornal Financial Times, que há aspectos desconhecidos na gestão chinesa da pandemia. No mesmo tom, o ministro britânico das Relações Exteriores, Dominic Raab, afirmou que o mundo terá de "fazer perguntas difíceis sobre o aparecimento do vírus e sobre por que não pôde ser detido antes". A China reagiu. "Nunca houve nenhuma ocultação e não autorizaremos nenhuma", afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian, que, porém, reconheceu "atrasos, omissões e imprecisões" nos registros de mortes no início da epidemia, em razão da saturação dos hospitais. Revisão Ainda ontem, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que muitos países terão de revisar o número de mortos pelo novo coronavírus, como fez a China. "É algo difícil de perceber durante uma crise, identificar todos os casos e identificar todos os mortos", disse Maria Van Kerkhove, autoridade responsável pela gestão da pandemia na OMS, em uma entrevista coletiva online. "Podemos esperar que inúmeros países se encontrem em uma situação similar, na qual terão de revisar seus registros e questionar: 'Contabilizamos todos?'", disse a representante da OMS. Segundo Kerkhove, para o novo balanço, a China utilizou dados não computados de funerárias, hospitais, laboratórios, prisões, clínicas e asilos. Os números atualizados chineses continuarão sem convencer os críticos, mas parecem suficientes para o presidente russo, Vladimir Putin, um dos poucos líderes mundiais a defender Pequim. Ele elogiou a estratégia do país asiático durante a pandemia e considerou que as acusações contra a China são "contraproducentes". (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)