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Netanyahu fracassa em formação de governo e Israel afunda na crise política

Após três eleições em menos de um ano, presidente de Israel Reuven Rivlin pede ao Parlamento que forme um governo

Após um novo fracasso das negociações entre o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seu ex-rival Benny Gantz, o presidente israelense Reuven Rivlin solicitou nesta quinta-feira (16/4) ao Parlamento que encontre um candidato para formar o novo governo e encerrar um ano de crise.

Após as eleições legislativas de 2 de março, as terceiras em menos de um ano e que deveriam decidir a disputa entre Netanyahu e Gantz, o presidente Rivlin atribuiu ao último a missão de formar o Executivo.

Mas, em plena pandemia do novo coronavírus, Benny Gantz, do Partido Kahol Lavan ("Azul-Branco"), surpreendeu ao abrir o caminho para um governo de "união e emergência" com Netanyahu, acusado de corrupção.

Isto gerou a esperança de um acordo para muitos israelenses, ao mesmo tempo que várias pessoas criticaram Gantz, ex-comandante do Estado-Maior das Forças Armadas, por uma rendição rápida.

Ainda assim, eles não conseguiram chegar a um acordo para formar um governo de união dentro do prazo estabelecido pelo presidente.

"Informo que não vejo a possibilidade de formar um governo e que confio a formação do governo ao Knesset", o Parlamento, escreveu nesta quinta-feira o presidente Rivlin.

Como determina a lei de Israel, o Parlamento tem três semanas para recomendar um deputado que enfrentará o desafio de formar o governo.

Os negociadores do Likud, partido de direita liderado por Netanyahu, e do Azul-Branco, a coalizão de centro-direita de Gantz, anunciaram que, apesar do prazo legal ter expirado, devem continuar negociando.

Em um eventual governo de união, eles terão de compartilhar ministérios. Com um primeiro-ministro a ponto de ser julgado por corrupção e fraude em uma série de casos, a coalizão de Gantz deseja um "controle total" sobre as nomeações judiciais, explica Jonathan Rynhold, professor de Ciência Política na Universidade Bar-Ilan.

"A questão central está na esfera legal", acrescenta, antes de explicar que o primeiro-ministro quer assegurar, em caso de rodízio de poder com Gantz, que poderia permanecer no governo.

A legislação israelense permite que um chefe de Governo indiciado permaneça no cargo, mas não um ministro.

As negociações também esbarram no temor de Netanyahu de que o Supremo Tribunal o declare inapto para governar, devido às acusações que pesam contra ele, e que todo mandato do primeiro-ministro fique para Gantz.

Netanyahu teria procurado garantias a respeito, o que - dizem analistas - Gantz recusou.

Ao mesmo tempo, vários analistas políticos questionam se Netanyahu, que seria julgado por corrupção em março e viu o processo adiado em consequência da pandemia do novo coronavírus, está realmente disposto a compartilhar o poder com Gantz.

O chefe de Governo poderia optar por prolongar o bloqueio e provocar a convocação de novas eleições legislativas. Seria a quarta votação no país sem a formação de um governo.

Enquanto isso, Netanyahu, 70 anos, permaneceria no poder à espera de uma definição sobre seu futuro político.

O primeiro-ministro israelense, o político que permaneceu mais tempo no cargo desde a criação do Estado hebreu, está fortalecido no momento por pesquisas que mostram sua liderança. Ele é bem aprovado, em particular, por sua gestão da crise da Covid-19, que registra mais de 12 mil casos e 130 mortos em Israel.