Com o maior número de mortes em decorrência da Covid-19 (21,4 mil) no mundo, os Estados Unidos pretendem retomar as atividades econômicas no próximo mês. A diminuição do avanço do vírus, especialmente no estado de Nova Iorque, epicentro da doença, é um dos principais motivos para a decisão, anunciada ontem por Anthony Fauci, diretor do Instituto de Doenças Infecciosas. O país, porém, segue enfrentando números críticos ligados à pandemia. O último balanço, divulgado também ontem, soma 1.514 óbitos (sendo 758 em Nova Iorque), mais do que o dobro do segundo país com o maior registo: o Reino Unido (737).
“Esperamos que, até o fim deste mês, possamos ver o que está acontecendo e se os elementos nos permitem reiniciar a atividade com segurança (…) Se assim for, reiniciaremos. Caso contrário, seguiremos isolados”, disse Fauci, líder da força-tarefa criada pelo presidente americano para combater a pandemia. O governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo, reconheceu que a situação tem se estabilizado no estado, mas ponderou que ainda é prematuro falar em reabrir o comércio e retornar às aulas.
Donald Trump insiste, com frequência, na retomada das atividades o mais rápido possível, destacando a alta da taxa de desemprego. Para Fauci, será necessário estudar as disparidades da pandemia no território entre as grandes cidades, fortemente afetadas pelo novo coronavírus, e áreas rurais, onde a situação parece ser menos grave. Falta também maior controle em centros de detenção de migrantes. Os casos da doença aumentaram significativamente: de 32 na última quarta-feira para 61 dois dias depois, de acordo com informações do Serviço de Imigração (ICE).
Várias organizações e políticos democratas pediram que os detidos fossem libertados sob risco à saúde. A maioria dos infectados está em centros próximos a Nova Iorque, como na cadeia do condado de York, na Pensilvânia, onde há relados de agravamento das condições de reclusão. “Os detidos afirmaram que passaram dias sem receber sabão, que as pessoas sem sintomas de Covid-19 estão alojadas com pessoas com sintomas nas prisões e que eles não têm acesso às máscaras ou produtos desinfetantes”, informou a organização de direitos humanos ACLU.