Os Estados Unidos denunciaram neste sábado (11/4) uma "xenofobia das autoridades chinesas em relação a africanos", que alegam ser vítimas de discriminação na cidade de Guangzhou depois que casos de COVID-19 foram registrados na comunidade nigeriana.
Esses casos levantaram suspeitas contra a comunidade africana na grande metrópole do sul da China.
Vários africanos disseram que foram expulsos de suas casas e rejeitados em hotéis.
"O abuso e maus tratos de africanos que vivem e trabalham na China lembram, infelizmente, como é fraca a parceria entre a República Popular da China e a África", disse à AFP um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA.
"Em um momento em que devemos nos unir para superar uma pandemia que as autoridades chinesas ocultaram irresponsavelmente do mundo, Pequim se dedica a jogar africanos nas ruas sem comida ou abrigo", lamentou.
"É lamentável, mas não surpreendente, ver esse tipo de xenofobia das autoridades chinesas em relação aos africanos. Todo mundo que observa projetos chineses na África conhece esse tipo de comportamento injusto e manipulador", acrescentou.
Os Estados Unidos denunciam há semanas a falta de transparência de Pequim no início da epidemia, detectada no final de 2019 na cidade chinesa de Wuhan, e sustenta que essa atitude atrasou a reação do resto do mundo e custou a vida de milhares de pessoas.
Apesar de uma trégua recente em sua guerra retórica, as trocas de farpas entre as duas grandes potências continuam.
O destino dos africanos no Cantão, que também provocou "a extrema preocupação" da União Africana neste sábado, se transformou em argumento para a diplomacia americana criticar mais uma vez a atitude chinesa.
O governo Donald Trump não demonstrou nenhum interesse particular no continente africano desde a chegada do magnata à Casa Branca em 2017.
Mas sustenta com frequência que os investimentos e empréstimos de Pequim a países africanos têm intenções ocultas.
"As promessas para os africanos, incluindo aqueles que trabalham e estudam na China, nunca são cumpridas. Este tipo de tratamento, especialmente aos estudantes, durante uma crise global de saúde, fala muito sobre como a República Popular da China vê sua alegada 'associação' com a África ", insistiu o porta-voz do Departamento de Estado.