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Cuba reclama de faceta 'mais cruel' do embargo




Há quase 60 anos sob medidas restritivas impostas pelo governo dos Estados Unidos, Cuba denuncia que, com a pandemia da Covid-19, tem enfrentado o lado “ainda mais cruel” do embargo. Por conta dele, a ilha tem dificuldades para comprar insumos médicos e teme que o novo coronavírus avance entre os mais de 11,4 milhões de habitantes.

“O bloqueio econômico-financeiro dos EUA é o sistema de sanções mais injusto, severo, prolongado de um país para outro em todos os tempos. O sistema de saúde é o mais afetado, porque compromete o bem-estar do nosso povo (...) O bloqueio é ainda mais cruel e genocida do que normalmente é (…) quando não estamos com uma epidemia”, disse Néstor Marimón, diretor de Relações Internacionais do Ministério da Saúde cubano. Até ontem, o país registrava 515 casos da doença e 15 mortes.

Embora a medida aplicada pelos Estados Unidos permita, desde 1992, o envio à ilha de medicamentos, desde que em benefício exclusivo da população, companhias e bancos temem sofrer sanções por participar de trocas comerciais com o governo cubano. A chegada de insumos de outros países está mas restrita desde que Donald Trump assumiu a Casa Branca, em 2017, e reforçou as sanções americanas.

No começo do mês, Cuba denunciou que não havia recebido uma remessa de máscaras, kits de testes e respiradores oferecidos pelo fundador do grupo chinês Alibaba, porque a empresa americana que devia transportá-la temia sofrer sanções. “É muito difícil adquirir equipamentos, insumos, medicamentos. Somos obrigados a adquiri-los de mercados muito distantes, onde os custos dobram, triplicam, e, muitas vezes, chegam com atraso”, relatou Néstor Marimón.

A ilha tem enviado profissionais da saúde para ajudar outros países, da América Latina e da Europa, a enfrentar a pandemia. Uma das equipes atua na região da Lombardia, área italiana mais afetada pelo novo coronavírus, contabilizando 10 mil mortes.

Pelo Twitter, o vice-secretário interino dos Estados Unidos para o Hemisfério Ocidental, Michael Kozak, justificou a manutenção das restrições. “As sanções dos EUA a Cuba são desenhadas para negar recursos ao regime de Castro”,  escreveu. Segundo ele, esses recursos “são usados para abusar dos direitos do povo cubano e interferir nos países da região”.