Todos os dias, Diana Torres, 33 anos, se veste para uma guerra contra um inimigo que não pode enxergar e provoca mortes silenciosas e rápidas. “Isso não é uma gripe. É diferente de qualquer vírus que já vimos”, desabafou ao Correio a enfermeira do Hospital Mount Sinai, em Nova York. “O novo coronavírus não se apresenta como uma doença em particular, mas ataca todas as partes do corpo, de modo diferente entre pacientes. Para alguns, se assemelha a um resfriado ou a uma gripe. Para outros, provoca sintomas similares aos de um vírus no estômago. Também há casos de ataque ao sistema nervoso central. Muitas pessoas morreram e várias outras falecerão. Eu também tenho medo.”
Diana reconhece que os funcionários da área da saúde enfrentam sua “pior crise”. “Nós fracassamos em controlar o coronavírus, e isso está provocando um desastre. Falhamos em impedi-lo de se espalhar entre médicos, enfermeiros e socorristas. Acabamos por expor nossos familiares. A cada dia, mais colegas têm sido acometidos de Covid-19. “Em Nova York, o vírus está por todos os lugares. Há cada vez mais doentes e mortos.”
A rotina no Hospital Monte Sinai é pontuada pelos avisos nos alto-falantes com códigos específicos que indicam a piora do quadro clínico do paciente. “Sabemos quais os códigos usados para aqueles que chegam com Covid-19. São constantes, antes podiam ser ouvidos de vez em quando. Os pacientes parecem não estar tão mal e, um minuto depois, morrem diante de nossos olhos”, desabafou Diana.
Até o fechamento desta edição, os Estados Unidos somavam mais de 213 mil infectados e 4.788 mortos — 1.139 dos óbitos somente em Nova York; mais de 40% do total de mortes no estado de Nova York. Ontem, o governador Andrew Cuomo recomendou aos policiais para serem “mais agressivos” na aplicação do distanciamento social. Na terça-feira, o presidente Donald Trump advertiu os norte-americanos a se prepararem para “duas semanas muito dolorosas” e previu entre 100 mil e 240 mil mortos.
Bebê
Um bebê de seis semanas morreu por causa do novo coronavírus, informou o governador do estado americano de Connecticut, Ned Lamont. “É com uma tristeza que me parte o coração que confirmamos a primeira morte pediátrica relacionada à Covid-19 em Connecticut”, escreveu Lamont em sua conta no Twitter. “Pensamos que se trata de uma das pessoas mais jovens do mundo a morrer por causa das complicações geradas pela Covid-19”, acrescentou.
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