Espanha, França e Reino Unido viveram dia de terror, ontem, ao registrarem recordes de mortes em 24 horas causadas pela pandemia do novo coronavírus. Foram 849 perdas para a doença no país ibérico; 499 em território gaulês; e 381 na terra da Rainha, até o fechamento desta edição. A busca por soluções para deter o avanço da enfermidade continua. Empresas francesas, por exemplo, se mobilizam para fabricar máscaras e respiradores.
O total de mortes na Espanha subiu para 8.189 e o número de casos diagnosticados supera 94.400, com 9.222 contágios detectados nas últimas 24 horas, o que também representa o maior número em 24 horas desde o início da crise. Quase 25% do total, 19.259 pacientes, já se recuperaram, incluindo uma mulher de 101 de Biescas (norte) que passou 15 dias hospitalizada, anunciou a prefeitura da localidade.
A Espanha é o segundo país, depois da Itália, com mais mortes provocadas por esta doença, o que levou o governo a determinar o confinamento dos quase 47 milhões de habitantes desde 14 de março e a ordenar no dia 29 a paralisação por duas semanas de todas as atividades econômicas não essenciais. “As medidas estão pouco a pouco tendo o efeito desejado”, celebrou o diretor de Emergências Sanitárias do país, Fernando Simón, em uma videoconferência. Ele está isolado depois de ter sido diagnosticado com o novo coronavírus.
Em termos percentuais, o crescimento da mortalidade mantém a desaceleração paulatina, passando de +12,4 a 11,6% diário, mas o de contágios subiu pela primeira vez em seis dias, de 8,1 a 10,8%. “A tendência geral permanece”, disse a médica María José Sierra, do Centro de Emergências Sanitárias. Ela atribuiu a aceleração ao acúmulo nos dados de segunda-feira de casos não notificados durante o fim de semana.
A imprensa espanhola destaca que vários jovens morreram vítimas da doença, mas Sierra afirmou que 85% das vítimas têm mais de 70 anos e 60% têm mais de 80. Madri é a região mais afetada pela pandemia, com 44% dos casos, mas registrou queda no número de mortes pelo terceiro dia consecutivo. A Catalunha, porém, registra mais mortes por dia e tem mais pacientes internados em UTI que a capital. Nesta região, 70 mil habitantes de quatro municípios estão completamente isolados há quase três semanas, quando foi detectado um surto fora de controle, que matou 67 pessoas.
Na França, o número de 499 mortes inclui os falecidos em hospitais, mas não em lares de idosos. O número provisório de hospitalizados é de quase 22.800, com um aumento de 1.749 desde a segunda-feira. Há outros 457 pacientes em tratamento intensivo, que indicam um balanço provisório de 5.564 pacientes, explicou.
Ontem, o ex-presidente do Olympique de Marselha, Pape Diouf, de 68 anos, morreu após ter sido infectado pelo novo coronavírus. O falecimento aconteceu horas após a transferência de Diouf do Senegal para Nice, no sul da França, em um avião com equipamentos médicos fretado pela embaixada da França no país africano. Ex-jornalista, agente de jogadores e presidente do Olympique de Marselha de 2005 a 2009, Diouf teve participação significativa na formação do time campeão francês em 2010.
No Reino Unido, houve um novo recorde de mortes num único dia, com 381 falecimentos, elevando o saldo da pandemia no país para 1.789 mortes, anunciaram as autoridades. Essa contagem de 24 horas, estabelecida pelo ministério da Saúde, é mais do que o dobro do dia anterior (180 mortes), marcando uma forte aceleração na mortalidade do vírus. Os pacientes tinham entre 19 e 98 anos, e todos, exceto 28, tinham doenças anteriores.
Entre as perdas, um adolescente britânico de 13 anos morreu na segunda-feira após teste positivo para o novo coronavírus. A família afirmou que o garoto não sofria de nenhuma outra doença. Trata-se da mais jovem vítima da Covid-19 conhecida no Reino Unido. A vítima mais jovem em um país europeu é uma menina de 12 anos, que morreu na Bélgica.
"Nossa prioridade hoje é fabricar mais de 10 milhões de máscaras por semana. E de agora até meados de maio, 10 mil respiradores para hospitais saturados de doentes graves”
Emmanuel Macron, presidente da França