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À espera do pior

Presidente Donald Trump alerta sobre %u201Csemanas muito dolorosas%u201D, prevê entre 100 mil e 240 mil óbitos causados pela pandemia de coronavírus nos Estados Unidos, afirma que distanciamento social é %u201Cquestão de vida ou morte%u201D e prorroga isolamento até 30 de abril

 

 

 

 

Em tom grave, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a extensão em um mês do distanciamento social e afirmou que a medida “é uma questão de vida ou morte”. Com 186 mil casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus, o país ultrapassou ontem a China no número de mortes. Com 780 óbitos registrados apenas ontem, contabilizava um total de 3.810. “Eu quero que cada americano esteja preparado para dias difíceis pela frente. Vamos enfrentar semanas muito duras”, declarou o republicano. “Serão duas semanas muito dolorosas, muito, muito dolorosas.” Até o fechamento desta edição, a pandemia de Covid-19 tinha infectado 857 mil pessoas em 180 países, deixando 42.107 mortos. Um total de 178.034 pacientes tinham se recuperado.

 

Acompanhado do infectologista Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e de Doenças Infecciosas, e de Deborah L. Birx, coordenador de resposta ao coronavírus da Casa Branca, Trump anunciou que projeções atuais apontam entre 100 mil e 240 mil mortos, mesmo com as medidas de isolamento em vigor. “De acordo com as estimativas, 100 mil mortos é um número muito baixo”, afirmou. Trump também se negou a comparar a Covid-19 com a gripe e a descreveu como uma “peste”. “As pessoas me perguntaram isso. Mas não é uma gripe. É cruel”, insistiu. As diretrizes de distanciamento social devem durar até 30 de abril, mas a Casa Branca não descarta flexibilização, a depender dos rumos da pandemia.

 

Ele admitiu que, caso o confinamento não fosse imposto, de 1,5 milhão a 2,2 milhões de pessoas morreriam. “Vocês veriam pessoas morrendo em aviões, em saguões de hotéis, veriam a morte por todos os lugares”, disse Trump. “Nosso futuro está em nossas mãos, e escolhas e sacrifícios que fazemos determinarão o destino do vírus e de nossa vitória. Teremos uma grande vitória, não temos escolha”, acrecentou o presidente, que classificou de “muito vitais” os próximos 30 dias. “Cada um de nós tem um papel para vencer esta guerra. Cada cidadão, família e negócio pode fazer a diferença em deter o vírus. É o nosso dever patriótico compartilhado.”

 

Com base nas recentes projeções, especialistas da força-tarefa criada pela Casa Branca para responder à crise defenderam a manutenção das medidas de contenção parcial ou total por 30 dias. “Não existe vacina ou terapia mágica, é apenas uma questão de comportamento”, reforçou Deborah Blix.

 

Nova York

 

A pandemia de Covid-19 transformou, de forma surrealista, o cenário em Nova York. Em plena Manhattan, hospitais de campanha foram montados no Central Park, com 68 leitos e 10 respiradores, e no estádio que abriga o US Open. Apenas na metrópole, mais de mil pessoas morreram depois de serem infectadas pelo novo coronavírus. O prefeito Bill de Blasio disse que Nova York está “triplicando” sua capacidade hospitalar para se preparar para o pico da pandemia, esperado entre sete e 21 dias. “Precisaremos de um nível de capacidade hospitalar que nunca vimos, que nunca concebemos”, disse ao canal de TV NBC.

 

O centro de convenções Jacob Javits, no bairro de Hudson Yards, em Manhattan, foi transformado em oito dias pelo corpo de engenharia do Exército para receber quase 3 mil pacientes. A alguns quarteirões dali, no Píer 90, ancorou na segunda-feira o imponente navio-hospital “USNS Comfort”, com mil leitos, 12 centros cirúrgicos e pessoal médico de mais de mil pessoas, também para receber pacientes que não tiverem o vírus.

 

O governador Andrew Cuomo, cujo irmão, Chris, anunciou que tinha coronavírus ontem, advertiu os moradores de Nova York que a batalha para derrotar a pandemia será longa. “Meçam-se a si mesmos, meçam suas expectativas para não se sentirem decepcionados a cada dia que acordarem”, declarou.

 

Fraudes

 

Esquemas de fraude relacionados ao coronavírus estão aumentando rapidamente e custaram aos consumidores norte-americanos cerca de US$ 4,77 milhões até agora, informou um órgão de fiscalização do governo. A Comissão Federal de Comércio informou que mais de 7.800 casos relacionados ao coronavírus foram reportados por consumidores na segunda-feira, o dobro do número da semana anterior.

 

A agência de proteção ao consumidor informou que as queixas de fraude incluem e-mails sobre cancelamentos e reembolsos de viagens e férias, golpes em compras on-line, além de falsos esquemas governamentais e comerciais. A perda média para os consumidores foi de US$ 598.

 

 

 

186 mil 

Número de cidadãos dos Estados Unidos portadores do novo coronavírus 

 

75 %

Total de norte-americanos que cumprem ordens para permanecerem em casa 

 

857 mil 

Número de infectados pelo novo coronavírus no mundo; 42 mil pessoas morreram 

 

15 mil 

Total de infectados na América Latina, com mais de 340 mortes