Anthony Fauci, especialista em doenças infecciosas e conselheiro do presidente Donald Trump para a pandemia do novo coronavírus, afirmou, ontem, que entre 100 mil e 200 mil pessoas podem morrer nos Estados Unidos vítimas da Covid-19. O diretor do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas recordou, no entanto, que os modelos sempre são baseados em diferentes hipóteses. “Apresentam o pior e o melhor cenário. E, geralmente, a realidade fica em algum ponto intermediário”, explicou. “Entre as doenças com as quais já trabalhei, nunca vi um modelo em que aconteça o pior dos casos. Sempre são superestimadas.”
De acordo com a Universidade Johns Hopkins, cujo balanço é usado como referência, até o momento, os Estados Unidos registram quase 125 mil casos positivos do novo coronavírus, o maior número no mundo para apenas um país. O número de mortes, 2.191, quase dobrou desde quarta-feira.
As projeções da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington mostram que o pico da epidemia acontecerá em meados de abril nos Estados Unidos, com um número de mortes que pode se aproximar de 80 mil a partir de junho, seguindo a trajetória atual. Por esse modelo, o número vai do mínimo de 38 mil a 162 mil óbitos. Em comparação, a gripe matou 34 mil no país durante a epidemia de 2018-2019.
Também ontem, Trump anunciou que as medidas de distanciamento social no país serão estendidas até 30 de abril. Na semana passada, o republicano havia sugerido que poderia “reabrir” a economia americana na Páscoa, em 12 de abril. “Isso era apenas uma aspiração”, explicou. Ele ainda disse que o pico de mortes por coronavírus nos EUA “provavelmente” será alcançado em duas semanas e, depois disso, o número de novos óbitos começará a diminuir.
Morte de bebê
Funcionários do governo do estado americano de Illinois anunciaram a morte de um bebê de poucos meses de idade em consequência do coronavírus, um caso raro entre os óbitos da pandemia. “Nunca antes houve uma morte de bebê associada à Covid-19”, afirmou o diretor do Departamento de Saúde Pública do estado, Ngozi Ezike, em um comunicado. “Uma investigação completa foi iniciada para determinar a causa da morte.”
Na semana passada, o diretor-geral de Saúde Pública da França, Jerome Salomon, anunciou a morte de uma adolescente de 16 anos na região de Paris. “As formas graves (de coronavírus) entre os jovens são muito raras”, destacou Salomon.
Na Califórnia (EUA), na semana passada, o Departamento de Saúde Pública do condado de Los Angeles informou que um adolescente, que havia sido diagnosticado com a Covid-19, também faleceu. O órgão destacou, porém, que o caso era complexo e que a causa do óbito poderia ser outra. Muitos estudos apontam que o vírus afeta fundamentalmente pacientes mais velhos e pessoas com doenças crônicas.