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Brasileiros retidos no exterior



Impedidos de retornar ao Brasil em meio à pandemia de coronavírus, brasileiros relataram ao Correio os momentos de angústia e de incerteza. Professora de história, Dayane Augusta Silva, 35 anos, aguarda em Johanesburgo o momento de embarcar rumo a Brasília. Ela chegou à África do Sul há cerca de um mês, para fazer um curso de inglês. “O espaço aéreo foi fechado ontem (quinta-feira) e a gente não consegue comprar bilhetes áereos para o Brasil. O governo brasileiro precisa se posicionar em relação ao nosso retorno. Alguns brasileiros estão em pousadas perto do aeroporto e custeando a própria estadia. Outros foram desalojados de seus hotéis por não cobrirem os serviços de quarentena”, relatou. Segundo ela, cerca de 250 brasileiros estão em Johanesburgo e 28 na Cidade do Cabo. “A previsão que nos passaram de retorno seria para segunda-feira”, disse Dayane.

Há uma semana, o engenheiro de computação paulista Bruno Couto do Espírito Santo, 40, e a mulher, Ludmilla Mantovani Alencar, 41, tentam deixar Papeete, no Taiti, a maior ilha da Polinésia Francesa. “A Latam cancelou todos os voos e, até o momento, não confirmam possibilidade de retorno. A situação é angustiante. Todos os dias as informações mudam, não podemos sair por causa da quarentena imposta pelo governo da França aqui”, afirmou Bruno à reportagem, por meio do WhatsApp.

Segundo ele, somente os serviços essenciais funcionam na ilha, como mercados, farmácias e postos de gasolina. “Existe uma informação do governo de que, a partir deste fim de semana, o aeroporto será fechado para todos os tipos de voo. Se não tivermos o voo prometido pela Latam para amanhã (hoje), não saberemos quando teremos outro avião”, comentou. Quando a notícia da pandemia se espalhou, Bruno e Ludmilla pegaram um último voo entre as ilhas de Huaine para o Taiti, na tentativa de regressar a São Paulo. “Deve haver uns 30 brasileiros por aqui. Alguns estão em hotéis e relataram a proximidade do fim das reservas. Eles não sabem se conseguirão renovar as estadias. Tentamos contato com o Itamaraty. Nada foi feito, somente pediram para que pressionássemos a companhia aérea”, acrescentou o paulista, que está hospedado na casa de um amigo.

A viagem dos sonhos de Sibele Ensel Wizentier, 49, guia turística em Paraty (RJ), transformou-se em transtorno e incerteza. Ela e o marido desembarcaram nas Ilhas Galápagos, no Equador, em 22 de março. “No próximo mês, faço aniversário. Este é um presente que eu me dei. A companhia aérea nos abandonou em Galápagos. Como não conseguíamos contato, compramos passagem de outra empresa. A Embaixada do Brasil em Quito intermediou. Nós e outros 23 brasileiros pagamos US$ 150, cada”, contou.

O casal aguarda a oportunidade de embarque na capital equatoriana e não esconde o clima de tensão. “Proporcionalmente, o Equador está muito pior do que o Brasil, com mais casos de infecção. O toque de recolher começa às 14h. As ruas estão vazias e perigosas”, desabafou. “O fato de não termos nenhuma previsão é decepcionante.” Sibele e o marido fizeram um acordo com o hotel para a redução no valor das diárias, mas explica que o custo de vida em Quito é muito caro e que os recursos dos brasileiros são limitados. A preocupação é que um de nós fique doente.”