Com quase 30 mil infectados, número que aumenta a cada dia, o Irã é um dos países mais atingidos pela pandemia de Covid-19, juntamente com Espanha, Itália e China. Até agora, o governo havia resistido ao confinamento ou quarentena, medida aplicada por muito países, alegando temer uma tragédia em sua economia, já fragilizada pelas sanções aplicadas pelos Estados Unidos.
"A quarentena é algo que se fazia antes da Primeira Guerra, na época da cólera e peste. Os próprios chineses não estão muito satisfeitos", declarou em fevereiro o vice-ministro da Saúde Iraj Harirchi, 24 horas antes da notícia de que ele estava infectado.
Autoridades pediram que os iranianos ficassem em casa "pelo tempo possível", afirmando que não havia necessidade de chegar ao ponto de alguns países europeus, que adotaram medidas policiais para proibir a população de sair de casa.
Mas hoje, no Conselho de Ministros, o presidente Hassan Rouhani anunciou a aplicação de "novas restrições, difíceis para a população". Ele assinalou que há "um longo debate no comitê nacional de luta contra o coronavírus", mas que "não há outra opção" e que as medidas são necessárias para proteger a população.
Nova onda
"Passamos pela primeira onda da doença, mas pode haver uma nova onda nos próximos dias", declarou Rouhani. Alguns setores no exterior consideram as cifras divulgadas pelas autoridades iranianas subestimadas.
O porta-voz do governo, Ali Rabii, anunciou que "será proibido deixar as cidades", bem como "novas viagens". A notícia é divulgada em plenas férias escolares do Ano-Novo iraniano, quando milhões de pessoas deixam suas províncias para fazer visitas familiares ou viajar.
Rabii convocou as pessoas a voltarem para casa "o quanto antes". A violação das novas medidas será punida com multa, advertiu.
Segundo Hassan Rouhani, as regras irão durar 15 dias e serão "cuidadosamente aplicadas até 4 de abril", data da volta às aulas após as férias do Ano-Novo.
O Irã reconheceu a presença do novo coronavírus em seu território em 19 de fevereiro, admitiu recentemente um vice-ministro da Saúde, segundo o qual a Covid-19 estava presente no país desde janeiro.
O porta-voz do Ministério da Saúde, Kianuche Jahanpur, anunciou hoje 143 novas mortes e 2.206 casos adicionais do novo coronavírus nas últimas 24 horas, o que aumenta o balanço total para 2.077 mortos e 27.017 infectados no país.