Novas datas
"Todas as opções estão sobre a mesa, antes e durante o verão (boreal) de 2021", explicou nesta quarta-feira (25) o presidente do COI, Thomas Bach, durante coletiva de imprensa por telefone. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, prefere que os Jogos Olímpicos sejam disputados no verão de seu país em datas similares com as previstas para 2020, 24 de julho a 9 de agosto.
Para que isso seja possível, dois Mundiais importantes previstos para 2021 terão que ser reagendados: o de atletismo (6-15 de agosto) em Eugene, nos Estados Unidos, e de natação (6 de julho-1º de agosto) em Fukuoka, no Japão.
Na segunda-feira (23), a Federação Internacional de Atletismo (IAAF) adiantou que está conversando com os organizadores americanos para tentar trocar as datas de seu Mundial de 2021, possivelmente para 2022.
Questionado pela AFP, um dirigente da Federação Internacional de Natação (Fina) garantiu que adiar o Mundial da modalidade "não seria um problema". Contudo, a Fina prefere que os Jogos Olímpicos sejam disputados entre abril e maio de 2021, segundo uma fonte na entidade.
O grupo de trabalho do COI tem pela frente "um tarefa titânica" para repensar o calendário internacional de 2021, reconheceu na terça-feira à AFP Christophe Dubi, diretor executivo dos Jogos Olímpicos.
Calendário sobrecarregado
O grupo de trabalho criado pelo COI e batizado de "Here We Go!" (Lá Vamos Nós!) consultará primeiramente as 33 federações internacionais afetadas pelo adiamento dos Jogos de Tóquio, que representam os 28 esportes mais tradicionais e outros 5 novos que participarão da Olimpíada (surfe, karatê, escalada, skate e beisebol/softbol). A primeira teleconferência é esperada para quinta-feira (26).
Todas essas entidades têm programadas competições continentais ou intercontinentais para 2021, em maioria para o meio do ano.
Em coordenação com a Associação Internacional de Federações de Esportes de Verão (Asoif), os calendários de competições esportivas serão reformulados. O COI terá que pedir a cada federação que reagende seus eventos para permitir que os atletas possam se preparar em plenas condições para os Jogos Olímpicos.
Caso finalmente se opte por organizar os Jogos na primavera japonesa (março-junho), um atrito poderá ser criado com algumas das ligas dos esportes por equipes mais tradicionais e influentes (futebol e basquete, principalmente), que não veriam com bons olhos competir em audiência ou ceder atletas para os Jogos Olímpicos.
"Temos que levar isso em consideração também, é uma equação muito complexa", explicou Dubi.
Classificação para os Jogos
Outro problema menos urgente é a dúvida em relação à classificação dos atletas para os Jogos Olímpicos.
Em algumas modalidades há muitos atletas que desde 2018 já garantiram vaga nos Jogos Olímpicos de 2020. Caberá a cada federação, em conformidade com o COI, determinar esse processo classificatório e seus critérios.
Na natação, os tempos padrões que permitem aos nadadores se classificaram podem ser estabelecidos até um ano e meio antes dos Jogos. Os atletas classificados para os Jogos de 2020 poderão manter seus status para 2021.
De positivo, o adiamento dos Jogos Olímpicos permitirá finalizar o processo classificatório, interrompido devido à pandemia do coronavírus. No início de março, somente 57% dos 11.000 atletas esperados em Tóquio haviam garantido uma vaga nos Jogos.
Dificuldades financeiras
O adiamento dos Jogos Olímpicos terão também um forte impacto sobre a saúde financeira do COI e das federações internacionais.
O COI está precavido do risco de cancelamento ou adiamento e dispõe de mais de 1.5 bilhão de dólares em reservas, mas as federações, principalmente as menores, podem sofrer mais com a espera. O COI redistribui para as federações 90% de sua receita, que nos Jogos do Rio-2016 foi de 5.7 bilhões de dólares.
Um primeiro pagamento a cada federação seria realizado em setembro. De acordo com uma fonte próxima às federações, algumas enfrentam já problemas financeiros e poderiam pedir empréstimos ou "solicitar ajuda política".