A América Latina aumenta suas defesas para evitar a disseminação da pandemia de Covid-19. Os países somam mais de 3.760 casos de infecção, incluindo 45 mortes, de acordo com levantamento da Agência France-Presse (AFP) de notícias. Com quase todas as fronteiras terrestres fechadas e os voos internacionais suspensos na região, vários governos reforçaram as medidas locais de contenção.
Depois da Venezuela — o primeiro país latino-americano a decretar uma contenção geral a partir de 17 de março — e a Argentina, confinada desde a última sexta-feira, a Bolívia entrou em quarentena obrigatória ontem. “Temos que ficar em casa 24 horas por dia (…), esse é o caminho para derrotar o coronavírus”, ressaltou a presidente interina Jeanine Añez. O Paraguai, por sua vez, prorrogou a suspensão das aulas e de todos os eventos culturais e esportivos até meados de abril.
A Colômbia, que anunciou sua primeira morte no sábado, colocou em confinamento mais de 25 milhões dos 48 milhões de habitantes desde a última sexta-feira para testar a medida. A partir de amanhã, o isolamento valerá para toda a população. Ontem, porém, as autoridades enfrentavam as denúncias de que rebeliões em presídios estariam ligadas à pandemia. No sábado, 23 presos morreram e 90 pessoas ficaram feridas, incluindo sete guardas penitenciários, em uma prisão em Bogotá. A ministra da Justiça, Margarita Cabello, relacionou os distúrbios a uma tentativa frustrada de fuga.
A capital da Argentina prepara-se para um cenário de tensão máxima em meio à quarentena. Todo o efetivo da polícia – 90 mil pessoas – está preparado para atuar nas ruas. Até ontem, 61 pessoas haviam sido presas por desrespeito ao isolamento obrigatório. O país contabiliza 225 casos de infectados e quatro mortes.
O Peru fechou, ontem, o último aeroporto, o internacional, em Lima, e providenciou que apenas voos para pegar turistas ou receber peruanos funcionem. Quem chega é submetido a uma verificação sanitária e levado a um confinamento em abrigos por 15 dias.
Política
A crise também perturba o cenário político. No Equador, que registou o crescimento diário de mortos ontem, de sete para 14, os ministros da Saúde e do Trabalho renunciaram no último fim de semana. A primeira, Catalina Andramuño, deixou o cargo devido a divergências sobre o orçamento destinado à luta contra a epidemia. Seu colega Andrés Madero deu positivo para o vírus, segundo sua carta de despedida.
Na Bolívia, abalada desde o fim de outubro por uma grave crise pós-eleitoral, foram adiadas as eleições gerais de 3 de maio, que permitiriam à população escolher o sucessor do ex-presidente Evo Morales. Previsto para o fim de abril, o referendo constitucional no Chile, agitado por uma grave crise social, foi adiado para 25 de outubro. O segundo país mais afetado na região (537 casos), atrás apenas do Brasil (1.546), não havia adotado, até ontem, medidas oficiais de quarentena.