Havana, Cuba — Uma brigada de 52 médicos e paramédicos cubanos, vários deles com experiência na luta contra o ebola na África, viajou no sábado (21/3), à Itália para ajudar os serviços de saúde do país, que registra o maior número de mortes pela Covid-19. O destino da missão é a região da Lombardia, atualmente a mais atingida pelo novo coronavírus. Em um mês, 4.825 pessoas morreram no país europeu devido à pandemia.
A brigada, composta por 36 médicos, 15 enfermeiros e um administrador, todos homens, "está pronta para trabalhar incansavelmente no tratamento e enfrentamento da epidemia de Covid-19, junto com os profissionais de saúde" da Itália, disse seu chefe, Carlos Ricardo Pérez.
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"O medo é inerente ao ser humano, todo mundo tem medo de algo na vida, mas a bravura é sobre isso, enfrentar as coisas de que se tem medo", disse ele à AFP. O ministro da Saúde, José Angel Portal, pediu aos colaboradores "que se cuidassem e retornassem bem à pátria".
A exportação de serviços médicos cubanos, além do turismo, é um dos motores da economia do país socialista e representou uma receita de cerca de 6,3 bilhões de dólares em 2018, segundo dados oficiais. Essa brigada viaja a pedido do secretário da Saúde da Lombardia, Giulio Gallera, que reconheceu que seu sistema de saúde está prestes a entrar em colapso devido ao grande número de pacientes que precisam de tratamento intensivo.
Gallera espera que os médicos cubanos "aliviem a situação" do hospital de Crema, na cidade de Cremona (sul da Lombardia). Com o envio no domingo passado de uma brigada médica para a Venezuela, principal aliado de Cuba na região e seu principal fornecedor de petróleo, Havana começou a mobilizar seu "exército de jalecos brancos".
Outras brigadas vão viajar para a Nicarágua, Suriname, Granada e Jamaica. No total, são 261 colaboradores. Atualmente, cerca de 30.000 profissionais da saúde cubanos atendem em 61 países da África, América Central e Ásia, segundo dados oficiais. Os médicos cubanos trabalham nesses países em áreas pobres e sem cobertura médica.
O governo da ilha defende esses serviços médicos e garante que o que recebe por eles permite manter seus próprios sistemas gratuitos de saúde e educação. Washington, inimigo de Havana, denunciou que Cuba paga baixos salários a seus profissionais e os submete a restrições de movimento e vigilância nos países onde eles servem.