A deputada Tulsi Gabbard abandonou, ontem, a disputa interna do Partido Democrata que vai definir o nome do adversário do presidente Donald Trump nas eleições de 3 de novembro. Última mulher a participar do processo, a representante do estado do Havaí adiantou que apoiará o ex-vice-presidente Joe Biden, que lidera com folga as primárias democratas, à frente do senador Bernie Sanders, os dois únicos pré-candidatos.
“Hoje (ontem), suspenderei minha campanha presidencial e oferecerei todo o meu apoio ao ex-vice-presidente Joe Biden em sua busca por unir nosso país”, disse a congressista, em uma mensagem de vídeo postada on-line. “Mesmo que eu discorde do ex-vice-presidente em todas as questões, sei que ele tem um bom coração e é motivado por seu amor pelo nosso país e pelo povo americano”, acrescentou.
O ex-vice de Barack Obama, que vem acumulando vitórias em série nas últimas duas semanas, agradeceu o respaldo de Gabbard. “Estou feliz de ter o apoio dela e aguardo a oportunidade de trabalharmos juntos para restaurar a honra e a decência na Casa Branca”, afirmou.
Gabbard, 38 anos, era a última colocada nas pesquisas de intenção de voto e dificilmente se destacaria na competição que começou com um número recorde de participantes e grande diversidade étnica e etária. Nas primárias, conquistou apenas dois delegados e tinha menos de 2% nas pesquisas.
Embora nunca tenha sido uma pré-candidata com chances reais de vencer a corrida à indicação para a Presidência, Gabbard conseguiu gerar tópicos de debate e aproveitou as oportunidades para destacar o que descreveu como excessivo envolvimento militar dos EUA no exterior.
Original das Ilhas Samoa, Tulsi Gabbard foi a primeira pessoa de fé hindu a conseguir um assento no Congresso dos Estados Unidos em 2013.
Duelo
A corrida democrata se limita agora a dois candidatos brancos septuagenários: Biden, um moderado de 77 anos que foi vice-presidente de Barack Obama, e Bernie Sanders, senador de 78 anos de Vermont que se define como “socialista democrático”.
Sanders, que chegou a liderar a disputa, disse, na quarta-feira, que reavaliará a campanha, após amargar, na véspera, mais uma ampla derrota para Biden, em votações nos estados do Arizona, Illinois e Flórida. Desde o início das prévias do partido, o senador perdeu 19 das 27 realizadas até agora. Porém, ele afastou qualquer possibilidade de abandonar a disputa.
Biden, que conseguiu uma recuperação espetacular após um fraco desempenho no início da campanha, consolidou o favoritismo a partir de um discurso moderado, que prega a união do país ante um processo de polarização que foi fortemente impulsionado com a chegada de Trump à Casa Branca.
Ao longo das prévias do partido, ele recebeu o apoio de outros pré-candidatos que abandonaram a disputa, como Amy Klobuchar e Pete Buttigieg, e também colheu frutos da associação de sua figura à do popular Barack Obama.
Biden conta com mais da metade dos 1.991 delegados necessários para ganhar a indicação na convenção partidária de julho. Segundo a maioria das pesquisas nacionais, o ex-vice está quase 20 pontos à frente de Sanders.
Coronavírus
A despeito da concorrência, os dois candidatos se reuniram recentemente para compartilhar ideias sobre como deve ser a resposta dos Estados Unidos à pandemia de novo coronavírus.
A vice-gerente de campanha de Biden, Kate Bedingfield, disse recentemente ao Washington Post que os dois campos “mantiveram contato regular em nível sênior” para conferir como a propagação do Sars-Cov-2 está afetando suas campanhas, bem como discutir as ideias de ambos sobre “respostas políticas ao vírus”.
Sanders propôs, para a guerra contra a pandemia, um pacote de alívio de US $ 2 trilhões — o dobro dos gastos alocados pelo projeto de lei que Trump assinou na quarta-feira à noite. O plano de assistência defendido pelo senador enviaria US$ 2 mil a cada americano mensalmente e forneceria assistência médica gratuita a todos. A proposta de Biden, bem mais tímida, é pela cobertura apenas dos custos de saúde dos americanos relacionados ao vírus.
“Suspenderei minha campanha presidencial e oferecerei todo o meu apoio ao ex-vice-presidente Joe Biden em sua busca por unir nosso país”
Tulsi Gabbard, deputada democrata
“Estou feliz de ter o apoio dela e aguardo a oportunidade de trabalharmos juntos para restaurar a honra e a decência na Casa Branca”
Joe Biden, pré-candidato democrata às eleições presidenciais